Jânio Freitas de Souza, preso na última quinta-feira (18), em Tabatinga (a 1.108 quilômetros a oeste de Manaus), interior do Amazonas, é apontado como braço direito do mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, e foi transferido para a sede da Polícia Federal, em Manaus.
Segundo a Polícia Federal, o homem será indiciado pelo duplo homicídio e por ocultação de cadáveres. Jânio chegou na capital amazonense no domingo (21) e passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), na manhã desta segunda-feira (22).
A PF informou que solicitou a transferência dele e de Ruben Dário da Silva Villar, o “Colômbia”, para o presídio federal, devido o risco de fuga e também por conta da integridade física e psíquica dos investigados. Todos os investigados no caso Bruno e Dom foram presos.
Bruno e Dom foram mortos no dia 5 de junho de 2022, vítimas de uma emboscada, enquanto viajavam de barco pela região do Vale do Javari, no Amazonas, região que abriga a Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares.
A dupla foi vista pela última vez enquanto se deslocava da comunidade São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), onde se reuniria com lideranças indígenas e de comunidades ribeirinhas. Seus corpos foram resgatados dez dias depois. Eles estavam enterrados em uma área de mata fechada, a cerca de 3 quilômetros da calha do Rio Itacoaí.
Colaborador do jornal britânico The Guardian, Dom se dedicava a cobertura jornalística ambiental – incluindo os conflitos fundiários e a situação dos povos indígenas – e preparava um livro sobre a Amazônia.
Bruno Pereira já tinha ocupado a Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Fundação Nacional do Índio (Funai) antes de se licenciar da fundação, sem vencimentos, e passar a trabalhar para a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Por sua atuação em defesa das comunidades indígenas e da preservação do meio ambiente, recebeu diversas ameaças de morte.
Identificados e detidos, Amarildo, Jefferson e Oseney foram denunciados por assassinar e ocultar os cadáveres das vítimas. Na denúncia, feita em julho de 2022, o MPF aponta que, inicialmente, Amarildo e Jefferson admitiram os crimes, embora, posteriormente, tenham mudado os depoimentos. Ainda assim, para os procuradores, “os elementos colhidos no curso das apurações apontam que o homicídio de Bruno teria correlação com suas atividades em defesa da coletividade indígena. Dom, por sua vez, foi executado para garantir a ocultação e impunidade do crime cometido contra Bruno”.