Durante as investigações sobre o suposto golpe planejado por apoiadores de Bolsonaro, a Polícia Federal revelou ter descoberto indícios de que o ex-presidente transferiu recursos para contas no exterior visando cobrir gastos enquanto se preparava para o golpe.
A análise das contas bancárias de Bolsonaro revelou uma transação cambial no valor de 800.000 reais. Segundo a PF, essa transação faz parte das averiguações relacionadas à venda irregular de joias e presentes da Presidência da República por Mauro Cid, a mando do próprio Bolsonaro.
“Evidencia-se que o então presidente Jair Bolsonaro, ao final do mandato, transferiu para os Estados Unidos todos os seus bens e recursos financeiros, ilícitos e lícitos, com a finalidade de assegurar sua permanência do exterior, possivelmente, aguardando o desfecho da tentativa de Golpe de Estado que estava em andamento”, afirma o documento da PF.
A PF observa que os recursos financeiros podem ser “ilícitos e lícitos” por suspeitar que parte do montante transferido tenha sido acumulado com o “desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras”.
A tentativa de entrada ilegal de joias recebidas em viagens oficiais pelo governo Bolsonaro foi revelada em março de 2023 pelo Estadão.
De acordo com a PF, Bolsonaro e os demais investigados da Operação Tempus Veritatis “tinham a expectativa de que ainda havia possibilidade de consumação do golpe de Estado”. Da mesma forma estavam cientes dos ilícitos cometidos e tentavam se precaver de “eventual persecução penal”, ou seja, da instalação de um inquérito e da eventual responsabilização na Justiça pela tentativa de romper com o Estado democrático de direito.
“Alguns investigados se evadiram do país, retirando praticamente todos seus recursos aplicados em instituições financeiras nacionais, transferindo-os para os EUA, para se resguardarem de eventual persecução penal instaurada para apurar os ilícitos”, aponta o documento.
Passaporte retido
Na quinta-feira passada, dia 8, a Tempus Veritatis cumpriu mais de 30 mandados de busca e apreensão, tendo como alvos aliados próximos de Bolsonaro. O ex-presidente não foi alvo de mandado de prisão, mas teve que entregar seu passaporte às autoridades.