Na noite de quinta-feira (22/02), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo Lula emitiu uma declaração abordando as acusações de exploração infantil e sexual na Ilha de Marajó, no Pará. O tema voltou a ganhar destaque recentemente após a cantora gospel Aymeê abordá-lo em um reality musical.
O MDHC enfatizou que desde maio de 2023 a região está sendo assistida pelo programa Cidadania Marajó. O programa foi criado com o propósito de combater casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, além de promover os direitos humanos e garantir o acesso a políticas públicas.
O governo também pede responsabilidade com a divulgação dessas notícias e afirma que a população de Marajó não deve ser vinculada apenas à exploração sexual infantil:
“O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reforça a prioridade aos direitos humanos e à voz da população marajoara e, nesse sentido, enfatiza o compromisso em não associar imagens de vulnerabilidade socioeconômica ou do próprio modo de vida das populações do Marajó, em especial crianças e adolescentes, ao contexto de exploração sexual”, diz trecho da nota.
O Ministério também afirma que está ciente da situação que é antiga e pede cuidado com a divulgação de informações fora de contexto:
“A realidade de exploração sexual na região sabe-se preocupante e histórica, mas não autoriza sua utilização de forma irresponsável e descontextualizada. Isso apenas serve ao estigma das populações e ao agravamento de riscos sociais. As vivências das populações tradicionais do Marajó não podem ser reduzidas à exploração sexual, já que é uma população diversa, potente em termos socioambientais e que necessita sobretudo de políticas públicas estruturantes e eficientes, com a inversão da lógica assistencialista e alienante de sua realidade e modos de vida”, diz o MDHC.
Governo Lula também afirma que, desde que o programa “Cidadania Marajó” foi implantado, três agendas já foram realizadas no território marajoara:
“Além disso, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania esteve em Belém, capital paraense, outras três vezes, para reuniões institucionais e articulações” afirma.
Música expôs situação da Ilha
Após o impacto da apresentação da cantora Aymeê no programa de música gospel “Dom Reality”, onde ela denunciou a exploração sexual de crianças e adolescentes na Ilha, várias gravações falsas, descontextualizadas, foram disseminadas na internet.
A performance da jovem ocorreu na última sexta-feira (16/02) e comoveu os jurados. A letra da música por ela interpretada, uma paraense, dizia:
“Enquanto isso no Marajó, o João desapareceu esperando os ceifeiros da grande seara”.
Ao final da apresentação, Aymeê explica a denúncia cantada por ela na melodia:
“Marajó é uma ilha há alguns minutos de Belém, minha terra. E lá, as crianças, lá tem muito tráfico de órgãos, lá é normal. Lá tem pedofilia em nível “hard” e as crianças com 5 anos, quando ela veem um barco vindo de fora com turistas, Marajó é muito turística e as famílias lá são muito carentes, as criancinhas saem em uma canoa, 6,7 anos, e elas se prostituem dentro do barco por cinco reais”, desabafou emocionada.