Nesta quinta-feira, 13/6, a artista amazonense Mara Souza divulgou em suas redes sociais que não é mais a “Mãe Catirina” do Boi-Bumbá Garantido, uma peça que ela representava desde o ano passado junto com Orlan Bertrand, o “Pai Francisco”.
“Em 2023, vivi uma experiência única interpretando a Mãe Catirina do Boi-Bumbá Garantido e descobri que fui oficialmente retirada do cargo recentemente, mas não é esse o meu foco aqui. Quero falar de gratidão e respeito, porque graças ao que vivi em 2023, mostrei que sou artista pro mundo ver”, falou a artista em um vídeo publicado no Instagram.
Mara Souza continuou afirmando que, enquanto artista, honrou a ancestralidade da Mãe Catirina, o que, de acordo com ela, faz parte de seus princípios de vida. Ela também afirmou que a representação do item é obrigatória no Auto do Boi, apesar do fato de não constituir pontos para bumbá na arena.
“Tive meu ciclo encerrado no Boi-Bumbá Garantido, mas outras portas permanecem abertas […] Eu sou acadêmica de dança e uma filha da negritude amazônica. Me espelho em Conceição Evaristo, Dandara, Marielle, Ebony Bastos e Lélia já dizia em sua linguagem de ‘pretuguês’ : ‘O lixo vai falar e numa boa’”, destacou a dançarina.
A artista também aproveitou a oportunidade para expressar sua gratidão à nação vermelha e branca por seu apoio, carinho e torcida. Ela também afirmou que continuará como torcedora do “Boi do Povão”, embora não mais seja um item.
“Não foi a despedida que queríamos ou merecíamos, mas foi o que tivemos. Que os novos intérpretes fujam da caricatura e honrem a origem de tudo. [..] E chega, né? De se rir sempre e gratuitamente de pessoas negras. O auto é respeito. Nós somos o chão que ergue pindorama com os nossos irmãos indígenas. Respeito sempre, galera”, completou Mara Souza.
A história conta que Francisco e Catirina eram negros escravizados em meados do século XVIII na região Nordeste do Brasil.
Segundo a lenda, Catirina estava grávida e desejou comer a língua de boi. Francisco, para atender o desejo da amada, matou o boi mais bonito do local. Quando o dono da fazenda notou a morte do animal, convocou pajés para ressuscitá-lo. O boi voltou à vida e então Francisco e Catirina receberam o perdão do dono do boi.