Embora o partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen, tenha obtido ganhos históricos para vencer o primeiro turno das eleições parlamentares da França, o resultado final dependerá de dias de formação de alianças antes da corrida para votos na próxima semana.
Segundo os resultados oficiais divulgados nesta segunda-feira (1o), o RN e aliados obtiveram 33% dos votos, seguidos por um bloco de esquerda com 28% e os centristas do presidente Emmanuel Macron com apenas 20%.
Esse foi um revés significativo para Macron, que convocou eleições antecipadas depois que sua chapa foi derrotada pelo RN no mês passado nas eleições para o Parlamento Europeu.
No entanto, se o RN conseguir formar um governo, que é anti-imigrante e eurocético, dependerá da rodada decisiva da próxima semana e do sucesso de outros partidos frustrarem Le Pen ao se unirem aos candidatos mais bem colocados em círculos eleitorais por toda a França.
Na noite de domingo, líderes tanto da Nova Frente Popular de esquerda quanto da aliança centrista de Macron deixaram claro que retirariam seus próprios candidatos em distritos onde outro candidato teria mais chances de derrotar a RN no segundo turno do domingo.
Para muitos franceses, o RN está agora mais perto do poder do que nunca. Le Pen tentou limpar a reputação de um partido prejudicado pelo racismo e antissemitismo, uma estratégia que funcionou em um contexto de indignação dos eleitores em relação a Macron, o alto custo de vida e as preocupações crescentes com a imigração.
Devido à sua oposição a uma maior integração na UE, um governo RN liderado levantaria questões significativas sobre o caminho que a UE seguia. Além disso, os economistas se perguntaram se os planos de gastos dos indivíduos estavam totalmente financiados.
O euro atingiu uma máxima de duas semanas durante as negociações asiáticas na segunda-feira, devido ao alívio do mercado pelo fato de o RN não ter tido um desempenho melhor.
“Acho que é um leve ‘bem, não houve surpresas’, então houve uma sensação de alívio ali”, disse Fiona Cincotta, analista sênior de mercados da City Index.
Os legisladores do RN pediram na segunda-feira aos políticos de centro-direita do partido Republicanos (LR), que recebeu menos de 7% dos votos do primeiro turno, que se retirassem dos distritos onde tal medida seria favorável ao RN.
“Se eles sabem que não vão vencer, peço que recuem e deixem a seleção nacional vencer”, disse a parlamentar do RN Laure Lavalette à rádio RTL.
Por enquanto, o partido Republicano, que perdeu um pequeno número de seus legisladores para se unir ao RN antes da votação, não expressou sua posição.
Até a noite de terça-feira, todos os candidatos que passaram no primeiro turno têm tempo para confirmar se irão ou não para o segundo turno.