Investigadores britânicos descobriram um sistema incomum de grupos sanguíneos. A descoberta pode contribuir para a preservação da vida de milhares de indivíduos ao redor do globo.
Em um artigo publicado na revista Blood na segunda-feira (16/9), cientistas do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHSBT, na sigla em inglês) descreveram o grupo sanguíneo conhecido como MAL. O estudo contou com o suporte da Universidade de Bristol, localizada na Inglaterra.
“Representa uma grande conquista finalmente estabelecer esse novo sistema de grupo sanguíneo e ser capaz de oferecer o melhor atendimento a pacientes raros, mas importantes”, afirma a hematologista Louise Tilley, do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido. Tilley estuda o tema há quase duas décadas.
Os principais grupos sanguíneos foram identificados no início do século passado. Embora estejamos mais familiarizados com o sistema ABO e o fator Rh (a parte positiva ou negativa), os humanos têm muitos sistemas de grupos sanguíneos diferentes, que têm como base a variedade de proteínas e açúcares da superfície celular que revestem as células sanguíneas.
Em 1972, um caso médico chamou atenção para a possibilidade da existência de um novo sistema de grupo sanguíneo. Exames mostraram que o sangue de uma mulher grávida não tinha uma molécula de superfície encontrada em todos os outros glóbulos vermelhos, o antígeno AnWj.
Segundo os cientistas, o organismo humano utiliza moléculas de antígeno como indicadores de identificação para distinguir antígenos que não pertencem ao nosso organismo, que podem causar danos à saúde. Quando um indivíduo é submetido a uma transfusão e esses marcadores não são adequados, pode ocorrer uma reação séria e até mesmo a morte.
Cerca de 99,9% da população possui o antígeno AnWj-positivo, encontrado em uma proteína encontrada na mielina e nos linfócitos (MAL, na sigla em inglês). Estes indivíduos apresentaram a expressão da proteína MAL de comprimento completo em suas hemácias, algo que não se encontrava nas células de pessoas AnWj-negativas.
“O motivo mais comum para ser AnWj-negativo é sofrer de um distúrbio hematológico ou alguns tipos de câncer que suprimem a expressão do antígeno. Apenas um número muito pequeno de pessoas é AnWj-negativo devido a uma causa genética”, afirmam os pesquisadores em comunicado à imprensa.
A equipe de Tilley desenvolveu um teste genético pioneiro que identifica pacientes sem esse antígeno. O teste pode salvar a vida de pessoas que reagem contra uma transfusão de sangue, tornando mais fácil encontrar potenciais doadores para esse tipo sanguíneo raro.