Boxeadora argelina prepara ação judicial contra divulgação de laudo

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Reprodução

No dia 11 de agosto, os Jogos Olímpicos de Paris 2024 chegaram ao fim. No entanto, a controvérsia envolvendo a argelina Imane Khelif, campeã mundial de boxe, continua gerando novos capítulos. Depois de um artigo publicado no site “Le Correspondant” no final do mês passado indicar que Imane Khelif possui cromossomos masculinos XY, a campeã olímpica decidiu recorrer à justiça.

“Entendemos que Imane Khelif acionou a justiça contra pessoas que falaram sobre sua situação durante as Olimpíadas. E o COI sabe que ela prepara uma ação contra a recente reportagem. O COI não irá comentar o andamento da ação ou a reportagem que apresenta documentos não verificados e cuja origem não pode ser confirmada. O COI lamenta os abusos que ela sofre atualmente” – disse um porta-voz do Comitê Olímpico Internacional ao “The Guardian”.

Com apenas 25 anos, Imane Khelif conquistou o ouro olímpico na categoria meio-médio (até 66kg) ao vencer a chinesa Liu Yang na final por decisão unânime dos juízes. A embaixadora da Argélia, país com a maior comunidade estrangeira da França, levou muitos de seus compatriotas para os conflitos devido ao impacto que sua história atingiu. Ela contou com o suporte dos argelinos em todas as suas batalhas.

Desde o começo, a presença de Imane Khelif nos Jogos de Paris foi cercada de controvérsia, devido à decisão da Associação Internacional de Boxe (IBA) de excluí-la do Mundial de Boxe Amador de 2023. A organização justificou a exclusão alegando que a atleta não atende aos critérios de elegibilidade para disputar competições entre mulheres.

Imane passou por um exame de gênero realizado pela IBA, e o líder da entidade, o russo Umar Kremlev, declarou que a argelina possuía cromossomos XY, que são masculinos. Contudo, o resultado oficial não foi divulgado.

Kremlev também afirmou que o nível de testosterona das duas lutadoras, Imane e Lin Yu-ting, é “bastante elevado” e que os resultados dos exames conduzidos pela organização “indicam que elas são homens”.

É importante destacar que o aumento da testosterona em mulheres pode estar associado a problemas de saúde, como a síndrome dos ovários policísticos. Também existem mulheres com cromossomos XY e homens com cromossomos XX, quando diagnosticados com a síndrome de Swyear.

A competição olímpica de boxe ocorreu sem a interferência da IBA, que no ano passado perdeu sua certificação junto ao COI por causa de questões de governança, finanças e ética. O COI concedeu permissão para a argelina e a chinesa voltarem aos ringues, enfatizando que Imane e Lin Yu-ting atendem aos critérios médicos da competição, são mulheres e não são casos de atletas transgênero. Até mesmo o pai de Imane Khelif exibiu a certidão de nascimento da filha para a mídia francesa.

No entanto, a permissão do COI não interrompeu a progressão dos ataques a Khelif. Na sua luta de estreia, a italiana Angela Carini deixou o combate aos 46 segundos, alegando uma forte dor no nariz após levar dois golpes no rosto.

A desistência da italiana motivou uma onda de discurso de ódio e circulação de boatos e notícias falsas alegando que Khelif seria uma atleta transgênero.

Fonte: GE

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