Nesta sexta-feira (28), não será apenas o carnaval que tomará conta das ruas. Naquela noite, o céu também apresentará um espetáculo: um alinhamento de sete planetas do Sistema Solar, um fenômeno que só se repetirá em 2161.
Para a alegria dos observadores astronômicos, o alinhamento ocorrerá durante a fase de Lua Nova, o que significa que a baixa luminosidade proporcionará uma noite mais clara e visível. Sob boas condições, será possível avistar Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno sem o uso de telescópios ou binóculos.
Contudo, Saturno e Mercúrio estarão próximos ao horizonte durante o pôr do sol, o que pode dificultar sua visualização devido à luminosidade do Sol. Uma boa dica para encontrá-los é usar aplicativos gratuitos de mapas celestes, como o SkyMap, Stellarium e Star Walk 2. Já Urano e Netuno exigirão o auxílio de ferramentas como binóculos, lunetas ou telescópios para serem vistos.
Lembre-se de distinguir os planetas das estrelas, pois a diferença pode não ser tão evidente quanto parece. Vênus será o corpo celeste mais brilhante no céu, depois da Lua, e os outros planetas, embora visíveis, terão uma intensidade de brilho menor.
Uma das principais características que diferenciam os planetas das estrelas é que eles não piscam. Se você observar o céu noturno ao longo do tempo, notará que os planetas se movem por diferentes constelações, enquanto as estrelas mantêm posições fixas em relação umas às outras.
Embora comumente chamado de “alinhamento planetário”, esse termo não é utilizado pelos cientistas, já que os planetas não estarão alinhados em uma linha reta. Na prática, eles estarão dispostos no lado oposto ao Sol, o que permitirá ver vários planetas ao mesmo tempo no mesmo hemisfério.
Este fenômeno é uma excelente oportunidade para observar o céu, seja os planetas ou as estrelas. Embora seja comum avistar três planetas ao mesmo tempo, à medida que o número de planetas aumenta, a probabilidade de vê-los todos juntos diminui.
Isso acontece porque os planetas precisam estar sincronizados em suas órbitas, ou seja, em seus tempos de translação ao redor do Sol. Na Terra, esse ciclo dura 365 dias, mas para outros planetas, esse período varia consideravelmente. Enquanto Mercúrio leva apenas 88 dias, Netuno leva 165 anos terrestres para completar uma volta.
Para a ciência, contudo, esse tipo de alinhamento não tem grande relevância. Durante milênios, muitas culturas associaram os alinhamentos planetários a eventos terrestres significativos, como desastres naturais, mas essa relação nunca foi confirmada cientificamente.
Como explica Gerard van Belle, diretor de ciências do Lowell Observatory, “as culturas antigas tentaram correlacionar eventos celestes com previsões do futuro”, embora nem sempre tenha sido um erro.
O movimento das constelações está intimamente ligado à translação da Terra e pode ser usado para correlacionar com as estações do ano, sendo, portanto, útil para a agricultura.
No entanto, alinhamentos planetários não têm efeitos físicos importantes na Terra. “As forças gravitacionais entre os planetas, incluindo a Terra, são insignificantes”, afirmou van Belle. “O único efeito relevante é o da Lua sobre as marés.”
Os astrônomos estudam fenômenos mais específicos, como oposições e conjunções. Em termos simples, a oposição acontece quando dois corpos celestes estão em lados opostos da Terra, enquanto a conjunção ocorre quando um corpo está entre a Terra e outro, fazendo com que pareçam estar “juntos” no céu.
Esse espetáculo celeste só se repetirá no amanhecer de 19 de maio de 2161, e depois em 7 de novembro de 2176 e 6 de maio de 2492. Porém, se o céu não estiver claro para a observação nesta sexta-feira, não se preocupe: em 10 de agosto deste ano, teremos outro evento, com seis planetas visíveis no céu noturno.