Vinte e um militares da Colômbia, entre eles um general, admitiram responsabilidade nas execuções de centenas de civis que foram apresentados como guerrilheiros mortos em combate, anunciou a Justiça de transição do país nesta sexta-feira (10).
A Jurisdição Especial para a Paz (JEP) “recebeu o reconhecimento de verdade e responsabilidade de 21 integrantes do Exército Nacional […] pelo assassinato” de 247 pessoas, anunciou a juíza Catalina Díaz em coletiva de imprensa.
Os assassinatos ocorreram na região produtora de coca de Catatumbo (120), que faz fronteira com a Venezuela, e no litoral do Caribe (127).
O tribunal havia denunciado 25 militares por sua responsabilidade na execução a sangue frio de jovens, a maioria pobres, que foram apresentados como guerrilheiros mortos em combate para inflar suas conquistas na luta contra as guerrilhas e outros grupos armados.
Conhecidos como “falsos positivos”, esses assassinatos revelaram o maior escândalo dentro das forças militares colombianas. Os oficiais e soldados envolvidos receberam condecorações, licenças e compensações pelas mortes.
Entre os militares que reconheceram sua culpa está o brigadeiro-general Paulino Coronado, ex-comandante da Brigada 30, que opera na zona fronteiriça.
Citado pela JEP, Coronado apresentou seus “sentimentos de perdão pela grande dor causada” nos “execráveis atos cometidos […] levando à morte de inocentes apresentados como combatentes” e “deixando uma desolação profunda entre seus entes queridos”.
Surgido do acordo de paz de 2016 que desmobilizou a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a JEP julga os piores crimes de um conflito de mais de meio século e que registra nove milhões de vítimas entre mortos, mutilados, sequestrados e desaparecidos.