Trabalhadores do garimpo que surgiu próximo ao município de Autazes, se defendem afirmando que ouro retirado do solo dos rios sustenta suas famílias
A maioria dos garimpeiros que acreditava que o ‘mapa da mina’ estava no fundo das águas do rio Madeira, próximo ao município de Autazes, a 111 quilômetros da capital Manaus, já retirou do local as balsas e dragas que usavam para extrair ilegalmente ouro com medo das represálias dos órgão estaduais e federais. Desde a noite da última quarta-feira (24), de aproximadamente 500 balsas enfileiradas, na qual as imagens repercutiram internacionalmente, a concentração caiu para no máximo 20 balsas.
E os garimpeiros, formados principalmente por ribeirinhos, que decidiram seguir no afluente do rio Amazonas, junto com as esposas e filhos, para conseguirem mais ouro, tentam justificar os crimes ambientais praticados na área afirmando que querem apenas sobreviver. Grande parte dos que trabalham na extração indevida do raro metal são de famílias de baixa renda.
“Ninguém é bandido, somos pais de família. Existiam vários garimpeiros aqui [no rio Madeira] porque a gente depende do garimpo. Sustentamos nossas famílias com isso [com o outro extraído do garimpo ilegal], porque se fazemos uma farinha [para vender] sai muito barata e não dá para sustentar uma família. Ninguém é bandido”, disse, ao Portal Barelândia, o garimpeiro Jailson Vieira da Cruz, que sem revelar valores garante que não conseguiu lucrar “ainda nada” no local.
Ele também afirmou que os garimpeiros que se dispersaram do rio Madeira e zarparam até o município de Nova Olinda do Norte, por exemplo, são acostumados a fazer extração de minérios e ouro em várias localidades do Estado. Além de Autazes, os municípios de Borba, Novo Aripuanã, Manicoré e Humaitá foram alguns dos pontos usados por esses garimpos itinerantes em áreas não regulamentadas para a atividade.
Com impactos ambientais que ainda serão medidos pelos órgãos de fiscalização, como o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), garimpos ilegais como do rio Madeira chegam aquecer o comércio local com a compra de mercadorias e produtos com ouro extraído do solo dos rios.
“Quando não tem garimpo, não fazemos nada. A gente não tem uma roça e nem casa alugada. O que ganhamos é para sobreviver. Pergunta se tem algum garimpeiro rico ou milionário”, disse Jailson Vieira, que trabalha por conta própria como garimpeiro.
O garimpo de balsas é ilegal e existe há décadas no rio Madeira. A concentração incomum em Autazes se deveu ao surgimento de uma “fofoca”, quando é encontrada grande quantidade de ouro, provocando uma corrida até o local.