A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, deve chegar a Brasília nesta quarta-feira (16) a bordo de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O Itamaraty confirmou a chegada, mas não divulgou o horário do voo.
Nadine recebeu asilo diplomático do governo brasileiro após permanecer por semanas na embaixada do Brasil em Lima. A autorização para que ela deixasse o país foi concedida pela presidente peruana, Dina Boluarte, por meio de um salvo-conduto. O Ministério das Relações Exteriores do Peru também confirmou a medida.
Em nota oficial, o governo peruano declarou que o Brasil concedeu o asilo com base na Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual os dois países são signatários. O salvo-conduto também inclui o filho menor de Nadine, Samin Mallko Ollanta Humala Heredia.
Segundo a defesa do ex-presidente Ollanta Humala, marido de Nadine, ela deverá cumprir compromissos diplomáticos em Brasília, mas a família deseja que ela permaneça em São Paulo.
Nadine Heredia e Humala foram condenados a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, em um esquema de financiamento ilegal de campanhas eleitorais, envolvendo recursos da construtora Odebrecht (atualmente Novonor) e do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. De acordo com as investigações, o casal teria recebido US$ 3 milhões da Odebrecht e US$ 200 mil do governo venezuelano para as campanhas de 2006 e 2011.
Humala foi presidente do Peru entre 2011 e 2016. Ele e Nadine foram presos preventivamente em 2017, e a sentença final foi anunciada recentemente. Humala foi levado à prisão logo após o julgamento. Nadine, que não compareceu à audiência, teve a prisão decretada.
O irmão de Nadine, Ilán Heredia, também foi condenado a 12 anos de prisão. Além das penas, Humala foi multado em 10 milhões de soles (cerca de R$ 15,7 milhões).
A defesa do ex-presidente afirma que irá recorrer da decisão e comparou o caso à Operação Lava Jato no Brasil. “Os promotores peruanos adotaram os mesmos métodos ilegais usados pela força-tarefa brasileira”, alegaram os advogados.
Nadine nega envolvimento em atos ilícitos e afirma que sua atuação no Partido Nacionalista Peruano, fundado por Humala, foi de natureza política e partidária.