A Secretaria de Segurança Pública do Estado está em negociações com o governo dos Estados Unidos para estabelecer um acordo que permita o reconhecimento do Comando Vermelho (CV) como uma organização criminosa internacional. Esse reconhecimento possibilitará a cooperação entre os dois países no combate à maior facção do tráfico de drogas do Rio de Janeiro em território americano.
Documentos exclusivos obtidos pelo EXTRA mostram que o Serviço de Segurança Diplomática (DSS), órgão vinculado ao Departamento de Estado dos EUA, já está envolvido nas negociações. O DSS é responsável por combater crimes além das fronteiras dos Estados Unidos.
Essa parceria, que vem sendo negociada desde junho do ano passado entre o governo estadual e o Consulado dos EUA no Rio, tem como base indícios de que o CV está recrutando membros nos Estados Unidos. Além disso, informações de inteligência apontam que traficantes do Comando Vermelho estão colaborando com criminosos de cartéis sul-americanos para transportar drogas para o território americano.
Ao classificar o CV como uma Organização Criminosa Transnacional (TCO, na sigla em inglês), outras agências americanas, como a Drug Enforcement Administration (DEA) e a Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF), poderão atuar no combate à facção.
A identificação dos principais líderes do CV também permitirá que sejam inseridos alertas no sistema de imigração dos Estados Unidos, impedindo a entrada desses criminosos no país.
Em agosto do ano passado, foi redigido o esboço de um memorando de entendimento entre o Departamento de Estado americano e a Secretaria de Segurança Pública, com o objetivo de “combater crimes transnacionais envolvendo documentos fraudulentos de viagem e identidade”. O acordo também prevê que as autoridades do Rio e dos Estados Unidos trabalhem juntas em investigações relacionadas a terrorismo, crime organizado transnacional, corrupção, tráfico de pessoas, contrabando, tráfico de drogas, captura de fugitivos, lavagem de dinheiro, entre outros crimes.
Segundo o documento, a cooperação terá validade de quatro anos (48 meses), com revisões anuais.
O Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro foi procurado, mas não se pronunciou sobre as negociações em andamento.
Fonte: Extra