Com aumento dos casos de depressão e ansiedade, empresas passaram a ficar mais alertas para garantir bem estar dos colaboradores
Não é de hoje que o setor de Recursos Humanos ocupa uma posição estratégica dentro das organizações, mas a pandemia do coronavírus aumentou esse protagonismo. O trabalho remoto e o desgaste causado pelo isolamento, colocou de fato os colaboradores no centro das atenções.
Estudo publicado no periódico científico The Lancet na sexta-feira, 8, revela que foram 53 milhões de novos casos de depressão e 76 milhões de casos de ansiedade em 2020. Segundo os especialistas, as descobertas do estudo destacam a necessidade do fortalecimento dos sistemas de saúde mental para absorver a demanda crescente dos transtornos de depressão e ansiedade em todo o mundo.
“No ambiente de trabalho é muito importante que a empresa contribua para a saúde mental dos seus colaboradores. Especialmente em tempos de pandemia, identificamos alguns sintomas se agravando, principalmente a ansiedade. Foi comum vermos pessoas que já estavam ansiosas, aumentarem suas crises, e outras que não tinham nenhum histórico da doença, apresentarem sintomas”, diz Cláudia Conserva, diretora de Gente e Gestão da AsQ, que atua com gestão na área de saúde suplementar.
A atuação dos líderes e gestores, diz Cláudia, é fundamental. “Ainda que o RH seja responsável pelo monitoramento e acolhimento, o líder imediato está mais próximo do colaborador e pode identificar necessidades específicas, apoiando para a melhoria dos casos ainda no início”, comenta a executiva. “Às vezes até pelo tom de voz podemos perceber se o colaborador está com a energia mais baixa. Perguntar e demonstrar interesse pela saúde do liderado ou mesmo de um colega, é uma atitude simples porém muito importante como apoio para a saúde mental dos colaboradores”.
Um dos fatores de estresse pode ser a falta de entendimento das expectativas em relação às suas entregas ou a ausência de processos bem definidos e portanto, empresas sem uma comunicação clara, podem gerar ruídos desnecessários que ajudam no comprometimento da saúde mental dos colaboradores. “O profissional precisa ter a clareza do que a empresa e a liderança esperam dele. Saber quais atividades precisam ser realizadas e os resultados esperados, gera consistência no trabalho e fortalece a rotina”, ressalta Claudia.
Ações complementares como a prática de yoga, ginástica laboral e rodas de conversa também são atividades que contribuem com a saúde mental dos colaboradores.
Cláudia explica que a retomada do trabalho presencial deve ser feita com cuidado e cautela. “Temos visto muitos casos de pessoas que desenvolveram fobia social em função da necessidade de isolamento durante a pandemia, e a empresa precisa estar preparada para cuidar, acolher e acompanhar de perto a evolução deste retorno”.
A tecnologia é aliada na estratégia do RH de melhorar o ambiente organizacional, com softwares e ferramentas que facilitam os processos. “Hoje temos muitas ferramentas disponíveis que apoiam o trabalho remoto e trazem alívio psicológico para os colaboradores, diminuindo gatilhos que poderiam desencadear quadros de ansiedade”, diz o professor Rafael Rodrigues, coordenador do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Estácio de Florianópolis.