26.3 C
Manaus
segunda-feira, abril 21, 2025
Publicidade
InicioColunistasColuna do PhillAngra: 30 anos de altos, baixos e muita qualidade musical

Compartilhar

Angra: 30 anos de altos, baixos e muita qualidade musical

Por Filipe Vasconcelos: Metal e música brasileira representados por uma das bandas mais icônicas da cena na atualidade.

O ano de 2023 marca os 30 anos de carreira de uma das bandas mais brilhantes do metal, não apenas nacional, mas internacional. Fundada pelos músicos Rafael Bittencourt (guitarra) e Andre Matos (vocal e piano), o Angra veio com uma proposta bem diferente de outros grupos do cenário; a combinação do peso do heavy metal com música lírica e elementos brasileiros. Metal com baião e frevo? Por que não? O grupo em sua formação inicial trouxe ainda os músicos Kiko Loureiro (guitarra) Luis Mariutti (baixo) e Ricardo Confessori (bateria) e juntos lançaram o álbum de estréia Angels Cry (1993), que ganhou o mundo do metal no cenário europeu.

Primeira formação do Angra: Kiko Loureiro, Luis Mariutti, André Matos, Ricardo Confessori e Rafael Bittencourt

A música do Angra era rápida, pesada, furiosa, mas ao mesmo tempo cheia de melodia, com passagens vindas do rock progressivo e a musicalidade brasileira, que dava o tom de novidade pra banda se consolidar no disputado mercado europeu. A presença de André Matos, falecido em 2019, foi fundamental no sucesso do Angra. O cantor já era conhecido por seu trabalho do Viper, banda que abriu as portas desse mercado para o Brasil. Além disso, a potente e aguda voz do cantor deu vida a clássicos absolutos do grupo, como Angels Cry, Time e a icônica Carry On, cantada a plenos pulmões pelos fãs nos shows até os dias atuais.

Com o disco seguinte, Holy Land (1996) o grupo perpetuou seu nome na história do metal melódico. Trazendo como tema central o descobrimento do Brasil, o disco foi o que mais trouxe elementos da música brasileira em seus arranjos, com percussões, flautas e até elementos do axé em meio a canções icônicas como Nothing to Say, Carolina IV e Make Believe.

Mas como sucesso meteórico, veio também às primeiras crises. Mesmo com o estouro do trabalho seguinte, Fireworks (1998), o Angra sofreu as primeiras baixas em sua formação, eventos que se mostrariam recorrentes na história do grupo. André Matos, cantor e um dos nomes mais fortes da banda, deixa o grupo no final de 1999, junto com Luis Mariutti e Ricardo Confessori. Mesmo sofrendo com a sombra da ausência de André Matos, o grupo estava prestes a viver o seu auge.

Angra em sua segunda formação: Aquiles Priester, Felipe Andreoli, Edu Falaschi, Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro

Em 2000, já com Felipe Andreoli (baixo), Aquiles Priester (bateria) e Edu Falaschi (vocal), o grupo lança Rebirth, que consolidou o Angra no continente asiático e destacou o grupo até mesmo no Brasil, para pessoas que sequer conheciam o universo do metal. Foi nesse disco que o grupo lançou sua canção mais popular, Nova Era, que marcou de novo, um novo tempo pra banda. Essa mesma formação também foi responsável pelo disco mais aclamado do Angra, o Temple of Shadows (2004), que traz como tema os questionamentos de um cavaleiro templário da igreja católica sobre as condutas da instituição durante as cruzadas, além do EP Hunters and Pray, que trouxe como carro chefe a balada Bleeding Heart, que mais tarde ganharia sua versão feita pelo grupo Calcinha Preta, a grudenta Agora Estou Sofrendo.

E mais uma vez problemas internos causaram nova ruptura na banda. O mais icônico deles foi gerado pela doença de refluxo que acometeu Edu Falaschi. Em 2005, nos primórdios do YouTube, vídeos do cantor desafinando ao vivo viralizavam no Orkut e atingiram a banda de forma violenta, prejudicando até mesmo a divulgação do disco seguinte, Aurora Consurgens (2006), muito mais voltado ao metal pesado, sem os elementos marcantes do progressivo e uma voz mais debilitada do cantor. Nos anos seguintes, o Angra passou por problemas envolvendo empresários e o baterista Aquiles, que foi demitido, dando lugar a volta de Confessori.

Em mais uma nova formação, em 2010 o Angra lança Aqua, considerado pelos fãs e crítica o trabalho mais fraco da banda, que chegou a comentar a falta de motivação durante a produção do disco. Nesse mesmo período, os problemas de voz de Edu chegam ao ápice, culminando numa apresentação vergonhosa do grupo no palco sunset do Rock in Rio 2011. Esse seria o último show de Edu com a banda. A saída de Falaschi leva o grupo pra sua fase mais negra, sem shows, empresários ou perspectiva.

A volta por cima acontece em 2012, quando o Angra é convidado a fazer um cruzeiro dedicado somente as bandas de metal. Sem cantor, os organizadores do evento convidam o italiano Fabio Lione para cantar com a banda, já conhecido do grande público pelo seu trabalho com Rhapsody of Fire. O que deveria ser apenas um show, vira uma pequena turnê de comemoração de 20 anos do lançado em Angels Cry, que por sua vez, virou um disco ao vivo e DVD que confirmou Lione como novo e atual vocalista do Angra.

Nesse período novos desligamentos. Ricardo Confessori sai novamente, dando lugar ao atual baterista, Bruno Valverde. Nesse período eles lançam o disco Secret Garden (2014), sendo melhor avaliado que os discos anteriores. Logo após o lançamento de Secret Garden, o guitarrista Kiko Loureiro se ausenta do grupo para tocar com a banda norte-americana Megadeth, dando lugar à Marcelo Barbosa, que fecha a formação atual do Angra.

Nas palavras de Rafael Bittencourt, atualmente único membro da formação original e também dono do Angra, essa é a melhor formação da banda, uma vez que todos os músicos estão de fato unidos e existe uma relação de amizade mutua, o que na visão dele, faltava em formações anteriores. O último trabalho do Angra foi Onmi, de 2018, considerado o melhor álbum do grupo desde Temple of Shadows.

A banda atualmente conta com: Felipe Andreoli, Bruno Valverde, Fabio Lione, Rafael Bittencourt e Marcelo Barbosa

Comemorando 30 anos de história e prestes a lançar um novo trabalho, o Angra é um exemplo de que altos e baixos existem em tudo aquilo que fazemos, e que é nos piores momentos que as melhores soluções podem surgem. Com uma carreira brilhante, discos dignos e uma infinidade de canções memoráveis, o Angra ainda tem muito pra mostrar, e sigo aqui ansioso pelo próximo disco que esta por vir.

  • O autor é estudante de jornalismo e músico

Os artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores. É permitida sua reprodução, total ou parcial desde que seja citada a fonte.

COLUNISTAS

Siga-nos

LEIA TAMBÉM

Clima esquenta na PM depois que a família do Coronel Menezes passou a mandar na corporação

Circula em grupos de policiais no WhatsApp um texto...

Comerciante que se achava dono da rua teve telhado demolido e material apreendido pela prefeitura

Um telhado construído em cima de uma rua para...