Uma nave espacial da Intuitive Machines, uma empresa privada com sede em Houston, realizou, nessa quinta-feira (22/02), o primeiro pouso dos Estados Unidos na Lua em mais de cinquenta anos. Este feito histórico marca também o primeiro pouso lunar inteiramente conduzido pelo setor privado.
Chamado de Odysseus, o módulo robótico de pouso, com suas seis pernas, pousou com sucesso por volta das 20h23 de ontem, conforme anunciado pela empresa e pela NASA em uma transmissão conjunta do centro de operações da missão da Intuitive Machines em Houston.
Conforme o previsto, acredita-se que a espaçonave tenha realizado um pouso na cratera conhecida como Malapert A, situada nas proximidades do polo sul da Lua.
O pouso ocorreu um dia após a espaçonave ter entrado em órbita lunar e cerca de uma semana após seu lançamento da Flórida. A confirmação foi obtida por meio de sinais enviados de volta, a uma distância de aproximadamente 384 mil quilômetros, para o centro de controle da missão.
No entanto, a comunicação com o veículo demandou vários minutos para ser restabelecida e o sinal inicial estava fraco. Isso deixou os controladores de voo ouvindo a transmissão em incerteza quanto à condição e posição exatas do módulo de pouso.
A nave espacial não foi projetada para transmitir vídeo em tempo real.
O pouso foi realizado após uma falha de 11 horas no sistema de navegação autônoma da nave, o que exigiu que os engenheiros na Terra encontrassem uma solução alternativa.
O veículo transporta uma série de instrumentos científicos e demonstrações de tecnologia para a NASA e diversos clientes comerciais. Esses instrumentos foram projetados para operar por sete dias, utilizando energia solar, antes que o sol se ponha no local de pouso.
A carga útil da Nasa se concentrará na coleta de dados sobre as interações do clima espacial com a superfície da Lua, radioastronomia e outros aspectos do ambiente lunar para futuros pousos e o retorno planejado de astronautas da Nasa no fim da década.
A missão não tripulada IM-1 foi enviada à Lua na quarta-feira (21), em um foguete Falcon 9, lançado pela empresa de Elon Musk, SpaceX, do Centro Espacial Kennedy, da Nasa, em Cabo Canaveral, na Flórida.
O pouso dessa quinta-feira representa a primeira descida controlada à superfície lunar por uma espaçonave dos Estados Unidos desde a missão Apollo 17 em 1972. Naquela ocasião, a última missão tripulada da NASA pousou no solo lunar com os astronautas Gene Cernan e Harrison Schmitt.
Até o momento, apenas quatro países conseguiram pousar suas naves espaciais na Lua: a antiga União Soviética, China, Índia e, mais recentemente, no mês passado, o Japão. Os Estados Unidos permanecem como o único país a enviar seres humanos à superfície lunar.
O êxito da missão Odysseus também assinala o primeiro “pouso suave” na Lua por um veículo fabricado e operado por uma empresa privada. Além disso, representa o marco inicial do programa lunar Artemis, da NASA, enquanto os Estados Unidos se apressam para retornar astronautas ao satélite natural da Terra antes que a China realize seu próprio pouso tripulado por lá.
A NASA planeja realizar o pouso de sua primeira missão tripulada Artemis na Lua até o final de 2026. A empreitada faz parte de uma exploração lunar de longo prazo sustentada, servindo como uma etapa fundamental para possíveis missões humanas a Marte no futuro. A estratégia principal se concentra no polo sul da Lua, impulsionada em parte pela crença de que existe uma reserva significativa de água congelada, que pode ser utilizada para sustentar a vida humana e para produzir combustível para foguetes.