O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (2) um pacote de tarifas sobre produtos importados, impactando diversos países, incluindo o Brasil. O chamado “tarifaço global” estabelece uma taxa de 10% sobre produtos brasileiros, mesma alíquota aplicada ao Reino Unido, Cingapura, Chile, Austrália e Turquia.
Entre as medidas mais rigorosas, destaca-se a taxação de 25% sobre automóveis importados, que entra em vigor nesta quinta-feira (3). “A partir da meia-noite, aplicaremos uma tarifa de 25% sobre todos os automóveis importados”, declarou Trump, justificando a decisão como parte de sua estratégia para fortalecer a indústria norte-americana.
O presidente dos EUA também criticou barreiras comerciais impostas por países como União Europeia, Austrália, China e Japão. Apesar de o Brasil estar entre os afetados, Trump não mencionou o país diretamente em seu pronunciamento.
“Por décadas, os Estados Unidos permitiram que barreiras tarifárias prejudicassem nossa economia, devastando nossa indústria. Mas esses tempos acabaram”, afirmou Trump, acrescentando que até mesmo nações aliadas impõem restrições comerciais severas aos produtos norte-americanos.
Reação do Brasil
A medida gerou preocupação no Brasil, especialmente nos setores de aço e alumínio, que já enfrentam tarifas adicionais desde março. O etanol brasileiro também foi citado como exemplo de comércio desigual, uma vez que o Brasil impõe uma taxa de 18% sobre o etanol norte-americano, enquanto os EUA cobram apenas 2,5% sobre o produto brasileiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a decisão e anunciou que o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC). Caso a contestação não tenha sucesso, o governo estuda a possibilidade de impor tarifas sobre produtos norte-americanos em retaliação.
No Congresso, parlamentares discutem possíveis respostas ao tarifaço. O Senado aprovou o Projeto de Lei da Reciprocidade Econômica, que autoriza o Brasil a adotar contramedidas contra barreiras comerciais impostas por outros países. O projeto segue agora para a Câmara dos Deputados, onde será analisado em regime de urgência.
A proposta delega à Câmara de Comércio Exterior (Camex) a responsabilidade de avaliar eventuais respostas às medidas prejudiciais ao Brasil, incluindo:
- Aplicação de tarifas adicionais sobre bens e serviços de países que impuserem barreiras ao Brasil;
- Suspensão da concessão de patentes ou remessa de royalties;
- Revisão de compromissos do Brasil em acordos comerciais internacionais.
O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), autor do projeto, destacou a necessidade de proteger a economia nacional. “Não podemos aceitar passivamente essas barreiras comerciais. O Brasil precisa agir”, afirmou.
Além das iniciativas legislativas, o governo brasileiro enviou diplomatas a Washington para negociar alternativas e buscar isenções para setores estratégicos. Paralelamente, avalia a ampliação de acordos comerciais com outros parceiros para reduzir a dependência das exportações para os Estados Unidos.