Nesta quarta-feira (20/11), a gigante norte-americana Ford anunciou que pretende dispensar 4 mil empregados na Europa até 2027. Os cortes representam 14% da força de trabalho da montadora na Europa e impactam principalmente a Alemanha, que prevê 2,9 mil demissões em um período de três anos. Serão eliminados mais 800 postos de trabalho no Reino Unido e 300 em outros países.
A empresa afirmou em um comunicado que as montadoras da Europa “enfrentam ventos contrários, competitivos e econômicos, e, ao mesmo tempo, lidam com um desequilíbrio entre as regulamentações de CO² e a demanda dos consumidores por veículos elétricos”.
O vice-presidente europeu de transformação e parcerias da montadora, Dave Johnston, disse que é “fundamental tomar medidas difíceis, mas decisivas, para garantir a competitividade futura da Ford na Europa”.
A companhia também tem a intenção de diminuir a jornada de trabalho dos colaboradores de sua fábrica em Colônia, na Alemanha, que emprega aproximadamente 11,5 mil pessoas, além de diminuir a produção dos carros elétricos Capri e Explorer produzidos no local.
A Ford declarou que as reduções de empregos, que devem eliminar um em cada quatro empregos na fábrica de Colônia, serão realizadas após consulta aos sindicatos e representantes dos funcionários.
A empresa defende que “a indústria automobilística global continua em um período de perturbação significativa à medida que muda para a mobilidade elétrica”. A alemã Volkswagen enfrenta crise similar e pretende, pela primeira vez,fechar fábricas na Alemanha e demitir milhares de funcionários.
Se não aderirem às novas normas da União Europeia sobre emissões de carbono, que entrarão em vigor no próximo ano, as montadoras ocidentais poderão enfrentar penalidades bilionárias. A competição na China também limita a tentativa de vender mais carros elétricos, já que várias fabricantes conseguem produzir e vender carros elétricos a preços mais baixos.
Além da futura regulamentação e do crescimento da concorrência, a Alemanha reduziu os subsídios governamentais para os carros elétricos em dezembro do ano passado, com o objetivo de aprovar o orçamento governamental. Isso levou a uma diminuição de 28,6% na comercialização de veículos desse tipo no país nos primeiros nove meses deste ano.
A diretoria da Ford pediu que o governo alemão melhore as condições de mercado para as vendas de veículos elétricos.
Em uma carta ao chanceler federal, o diretor financeiro da Ford, John Lawler, disse que a Alemanha e a Europa precisavam de “uma agenda política clara e inconfundível” para promover a mobilidade elétrica, que incluiria “investimentos públicos em infraestrutura de carga [de baterias], incentivos significativos e maior flexibilidade no cumprimento das metas de conformidade de CO²”.
Segundo Marcus Wassenberg, diretor financeiro da Ford na Alemanha, os recentes cortes refletem as transformações ocorridas no setor automobilístico. Ele enfatizou os elevados gastos com trabalho e energia no país como um componente do problema.
As montadoras também foram impactadas por cortes e paralisações no Brasil. Por exemplo, em 2021, a Ford anunciou o término das suas operações industriais no país.
Fonte: Metrópoles