Equipes de resgate em Mianmar retiraram um homem dos escombros mais de 100 horas após o terremoto que devastou o país. O resgate, ocorrido na capital Naipidau, foi compartilhado nesta quarta-feira (2) pelo Departamento de Bombeiros de Mianmar e trouxe um momento de esperança em meio à tragédia.
O sobrevivente, visivelmente exausto e coberto de poeira, foi encontrado em um bolsão de ar entre lajes de concreto, sendo retirado sob aplausos. Na véspera, uma mulher de 62 anos também foi resgatada de uma estrutura colapsada.
Além disso, na última segunda-feira (31), uma equipe de socorristas chineses resgatou quatro pessoas, incluindo uma criança de cinco anos e uma mulher grávida, reforçando os esforços internacionais na busca por sobreviventes.
O terremoto de 28 de março continua causando estragos, com prédios estruturalmente comprometidos desabando à medida que novos tremores secundários ocorrem. Segundo organizações de direitos humanos, a situação torna as operações de resgate ainda mais perigosas.
Na noite de segunda-feira, dois hotéis desabaram em Mandalay, a segunda maior cidade do país, após moradores retornarem aos edifícios.
“Com esses tremores adicionais, fatalidades continuam ocorrendo”, afirmou Michael Dunford, diretor do Programa Mundial de Alimentos da ONU em Mianmar. Ele destacou ainda que muitas pessoas estão dormindo nas ruas ou em parques, temendo voltar para suas casas, o que dificulta os esforços de assistência humanitária.
Ajuda humanitária e desafios políticos
Organizações humanitárias alertam para a necessidade urgente de suprimentos médicos, alimentos e abrigos, especialmente em áreas remotas do país. Em Sagaing, uma das regiões mais atingidas, moradores relatam escassez de sacos para cadáveres, lanternas e repelentes de mosquitos.
O controle militar também tem dificultado o acesso à ajuda. A Anistia Internacional denunciou que as forças armadas impõem inspeções rigorosas a veículos que transportam suprimentos. Além disso, grupos de direitos humanos criticaram a junta militar, que governa Mianmar desde o golpe de 2021, por restringir o acesso a áreas afetadas.
“A junta precisa garantir que a ajuda humanitária chegue rapidamente às pessoas em risco nas regiões atingidas pelo terremoto”, cobrou Bryony Lau, vice-diretora da Human Rights Watch na Ásia.
Enquanto isso, a Three Brotherhood Alliance, uma coalizão de grupos rebeldes, anunciou um cessar-fogo temporário para facilitar os esforços de resgate e assistência às vítimas.
Tensões e impactos na Tailândia
O governo militar de Mianmar afirmou que disparos de advertência foram feitos contra um comboio da Cruz Vermelha Chinesa, alegando que a equipe entrou em uma zona de conflito entre militares e rebeldes.
O forte tremor também foi sentido na Tailândia, onde pelo menos 22 pessoas morreram na capital, Bangkok. Dessas vítimas, 15 faleceram após o colapso de um prédio em construção.
As operações de resgate continuam, enquanto as autoridades tentam lidar com as consequências do desastre e o agravamento da crise humanitária no país.