Pelo menos 11 pessoas foram mortas e 65 ficaram feridas durante um comício realizado por rebeldes do grupo M23 na cidade de Bukavu, no leste da República Democrática do Congo (RDC), nesta quinta-feira (27). O líder da aliança rebelde, Corneille Nangaa, responsabilizou o presidente congolês Felix Tshisekedi pela violência, enquanto o governo congolês acusou Ruanda de apoiar os insurgentes, sem apresentar provas conclusivas.
Em um comunicado publicado no X, o governo congolês informou que “várias” mortes ocorreram, mencionando a presença de um “exército estrangeiro ilegalmente” no país, sem identificar especificamente a nação responsável.
De acordo com Nangaa, as explosões foram causadas por granadas de um tipo utilizado pelo exército de Burundi, mas a Reuters não conseguiu verificar essa informação de forma independente. Em resposta, o porta-voz do exército burundiano, Brigadeiro-General Gaspard Baratuza, afirmou que não havia soldados de seu país em Bukavu, sem comentar sobre a alegação das granadas.
Desde o início de 2025, os rebeldes do M23 vêm avançando pelo leste da RDC, tendo tomado Bukavu e Goma, as principais cidades da região. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram cenas de pânico nas ruas de Bukavu, com pessoas correndo e feridas, algumas carregando corpos.
Fontes médicas confirmaram que 65 feridos estão sendo tratados no hospital geral de Bukavu. Nangaa, por sua vez, afirmou estar ileso, assim como outros membros seniores do M23.
As tensões no leste do Congo têm gerado preocupações sobre uma possível guerra regional. A República Democrática do Congo, as Nações Unidas e potências ocidentais acusam Ruanda de apoiar o M23, uma alegação negada pelo governo ruandês. Este, por sua vez, justifica suas ações como uma resposta à ameaça de milícias hutus, que, segundo Kigali, estão combatendo ao lado das forças congolesas.
O M23, cujo nome remonta a um acordo de paz assinado em 23 de março de 2009, reivindica a implementação total do acordo, com a integração completa dos tutsis congoleses ao exército e ao governo da RDC. O grupo também defende os interesses da etnia tutsi contra milícias hutus, como as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), compostas por hutus que fugiram de Ruanda após o genocídio de 1994, no qual quase 1 milhão de tutsis e hutus moderados foram mortos.