Em dez horas de depoimento à Polícia Federal (PF), nessa quinta-feira (03/02), o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, deu explicações sobre o dia dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro e o motivo de não estar no Brasil, além de apontar “falha grave” na ação da Polícia Militar (PMDF) durante a invasão dos prédios públicos.
De acordo com Torres, ele não teria recebido mensagens do ministro da Justiça, Flávio Dino, informando sobre a possíveis atentados na Esplanada dos Ministérios, mas confirmou que os atos estavam previstos no Protocolo de Ações Integradas (PAI) da Secretária de Segurança.
O ex-ministro da Justiça admitiu falha na segurança e execução operacional dos policiais, mas afirmou que essa não era responsabilidade da secretária, e sim da Polícia Militar.
Torres disse ainda que nunca recebeu nenhum pedido do governador afastado Ibaneis Rocha (MDB) para que negligenciasse a segurança pública; ao contrário, ele sempre foi muito preocupado com a manutenção da ordem”.
Minuta do golpe
Segundo Anderson Torres, a minuta de um suposto golpe de Estado encontrado em sua casa, é na verdade, um documento “sem viabilidade jurídica […] que já era para ter sido descartado”.
Ataque à PF em 12 de dezembro
Questionado sobre os ataques à sede da PF em dezembro de 2022, Torres disse que no dia do ocorrido, entrou em contato com o então diretor-geral da corporação, mas que o comando de operações táticas da PF já estava acionada para garantir a segurança física do prédio.
Além disso, enfatizou que na manhã seguinte aos ataques foi determinada a instauração de inquérito policial para apurar os fatos.
Torres contou que a partir do 12 de dezembro, passou a considerar o acampamento em frente ao QG do Exército, um “foco de criminosos”, e que assim que assumiu a Secretaria de Segurança, em 2 de janeiro, realizou reunião para a desmobilização dos manifestantes.
Fraude nas eleições e relação com Jair Bolsonaro
Ainda em depoimento, Torres disse que não acredita que houve fraude no processo eleitoral, e que não conversou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a alternância de poder no Executivo.
Disse ainda que teve pouco contato com Bolsonaro desde o início da campanha eleitoral.
Torres também contou que após a derrota nas urnas, Bolsonaro ficou “decepcionado, mas não inconformado”, “introspectivo e aparentemente depressivo, desenvolvendo inclusive erispela e passando por tratamento de saúde prolongado”.
Prisão
Anderson Torres Torres é investigado por omissão dolosa e conivência com os atos de vandalismo nas sedes dos Três Poderes, na capital federal. Ele está preso desde 14 de janeiro no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará.