Os ruídos na relação entre o governador Wilson Lima (União Brasil) e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), já começaram a surgir, mesmo antes da realização do segundo turno da eleição estadual. É que aliados do atual gestor do Estado já consideram a fatura liquidada e passaram a externar incômodos com a postura do administrador da capital durante o processo eleitoral.
O próprio Wilson não fala no assunto e procura manter intacta a relação com o aliado, mas um dos coordenadores de sua campanha, Egberto Baptista, chegou a externar o incômodo ao próprio David. Na conversa, o “bruxo”, como é conhecido, reclamou que o prefeito se portava como se fosse o “dono” da campanha.
As ressalvas a David começaram a aparecer depois do primeiro turno, quando o União Brasil teve desempenho muito melhor que o Avante. Ali aliados do governador passaram a dizer que foi a máquina do Estado que impulsionou a candidatura dele e não a Prefeitura de Manaus. Isso porque o grupo do Avante não conseguiu eleger sequer um deputado federal e o irmão do prefeito, Daniel Almeida, foi apenas o décimo colocado na disputa pelas vagas na Assembleia Legislativa.
Sentindo o incômodo, David recuou e assumiu o papel de coadjuvante na campanha de Wilson, que passou a ter um protagonismo muito maior no segundo turno.
O desgaste, entretanto, é visível a ponto do prefeito considerar a possibilidade de aliados do governador terem vazado para o site Metrópolis o relatório que aponta a suspeita de um acordo dele com a facção criminosa Comando Vermelho em 2020, quando venceu a eleição municipal. Na época, a Secretaria de Inteligência era comandada por policiais indicados pelo então secretário de Segurança, Louismar Bonates, que disputou a eleição de deputado federal pelo União Brasil e é considerado um dos auxiliares mais próximos do governador.
Para completar, a deputada Joana Darc (União Brasil) tem espalhado que quer ser candidata a prefeita de Manaus com o apoio do governador. Ela foi a mais votada na capital, superando o presidente da Assembleia Legislativa, Roberto Cidade (União Brasil), o mais votado do pleito por causa dos votos do interior.
O clima no grupo que se uniu para vencer a eleição estadual já começa a esquentar e os desdobramentos são imprevisíveis.