O governador Wilson Lima (PSC) não tem mais com que se preocupar na Assembleia Legislativa (ALE-AM) e no Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM). Os presidentes Roberto Cidade (PV) e Mário de Mello agora são parceiros do chefe do Executivo e não há a menor possibilidade de qualquer uma das duas Casas adotarem medidas contra ele.
Na ALE-AM, Roberto Cidade assumiu uma postura de fiel escudeiro do governador. Foi ele quem indicou o novo líder do Governo na Casa, o deputado Felipe Souza (Patriota). Curiosamente a “parceria” com Wilson Lima aconteceu depois que os pagamentos à Navegação Cidade, empresa da família do presidente, foram normalizados.
No TCE-AM, Mello e o conselheiro Ari Moutinho, que eram os mais críticos ao governador, em plenário e nos bastidores, mudaram de atitude depois que Lima encaminhou e conseguiu a aprovação da nova Lei do Gás na ALE-AM, beneficiando diretamente a empresa Eneva.
Aliás, a “Lei do Gás” era a origem de todos os males de Wilson Lima. Enquanto ele não a encaminhou, teve todo tipo de problema na ALE-AM, no TCE-AM e até no Tribunal de Justiça do Amazonas.
Até dezembro, o governador se viu refém do grupo que queria a mudança da legislação que regulamenta a exploração do gás natural. Antes da nova Lei o monopólio pertencia à Companhia de Gás do Amazonas, cujo acionista majoritário é o empresário baiano Carlos Suarez, um habitual frequentador das rodas de poder no Amazonas há pelo menos duas décadas.
Foi graças a essa pressão que Cidade foi eleito presidente da ALE-AM, numa composição com os deputados de oposição. Ele e o ex-presidente Josué Neto mantiveram o torniquete apertado até que o governador cedeu. As ameaças de instalar mais uma Comissão Processante para avaliar o impeachment do governador eram constantes. Nada menos que 12 pedidos foram encaminhados à Casa, todos incentivados pelo grupo de deputados que pressionava Wilson Lima.
No início deste ano, o governador fez de Josué conselheiro do TCE-AM, substituindo o pai dele, Josué Filho, e encaminhou a Lei do Gás à ALE-AM. Como num passe de mágica, seus problemas acabaram.
Neste momento, não existe a menor possibilidade nem de impeachment na ALE-AM nem de processos contra o governador no TCE-AM.
“A base governista aprovou a concessão do título de Cidadão do Amazonas a personalidades que ajudaram o Estado quando da crise do oxigênio, mas se nega terminantemente a instalar a CPI da Asfixia, que foi uma manobra deles para abotar a outra Comissão a da Pandemia, que nós propomos. Ou seja, eles reconhecem que houve o problema, mas não querem investigar”, resume o deputado oposicionista Wilker Barreto (Podemos).
Wilson Lima aposta na nova fase de calmaria institucional para dar a virada e tentar a reeleição.