O ar expirado pode fornecer indícios sobre o que ocorre internamente no organismo, uma vez que libera compostos químicos e gases. Em uma pesquisa recente, divulgada no último dia 6, cientistas criaram sensores ultrassensíveis que conseguem identificar uma alteração na química do hálito de indivíduos com câncer de pulmão, em uma escala nanométrica. Isso implica que este sensor pode ser benéfico para identificar a doença de maneira antecipada.
O estudo, divulgado no periódico ACS Sensors, da Sociedade Química Americana, propõe que a diminuição de um composto químico expelido durante a respiração, conhecido como isopreno, pode sinalizar a existência de câncer pulmonar.
O sensor deve ser extremamente sensível para identificar esse declínio, sendo capaz de identificar níveis de isopreno na escala de partes por bilhão (ppb).
Ademais, é necessário distinguir o composto de outros compostos químicos voláteis e suportar a umidade inerente ao processo respiratório.
Perante esses obstáculos, o grupo de cientistas optou por aprimorar sensores que utilizam óxido de índio para identificar isopreno no nível em que ele se forma naturalmente durante a respiração. Para tal, os cientistas criaram uma gama de sensores de nanoflocos que utilizam óxido de índio (In2O3). Em testes, eles notaram que um tipo específico, conhecido como Pt@InNiOx, composto por platina (Pt), índio (In) e níquel (Ni), apresentou o melhor rendimento.
Estes sensores foram capazes de identificar concentrações de isopreno tão baixas quanto 2 ppb, uma sensibilidade que superou sensores anteriores empregados em estudos similares. Adicionalmente, eles demonstraram uma maior resposta ao isopreno em comparação a outros compostos voláteis comumente presentes no hálito, contribuindo para a diferenciação.
Em última análise, para evidenciar a aplicabilidade desses sensores na medicina, os cientistas incluíram nanoflocos Pt@InNiOx em um aparelho de detecção portátil. Neste, utilizaram a respiração recolhida de 13 indivíduos, dos quais cinco apresentavam câncer de pulmão.
O aparelho identificou concentrações de isopreno inferiores a 40 ppb em amostras de indivíduos com câncer e superiores a 60 ppb em indivíduos saudáveis. De acordo com os autores, a tecnologia de rastreamento pode representar um progresso na detecção não invasiva do câncer de pulmão, com a possibilidade de aprimorar os resultados e até mesmo salvar vidas.
Fonte: CNN