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HIV: Corte da ajuda internacional pode levar a 2,9 milhões de mortes

Especialistas em epidemiologia têm alertado, há meses, sobre as consequências dos cortes no financiamento de programas de prevenção ao HIV promovidos pelo governo de Donald Trump. Agora, um novo estudo quantifica o impacto dessa medida. Publicada na revista The Lancet HIV em 26 de março, a pesquisa estima que a redução dos recursos internacionais pode resultar em até 10,75 milhões de novas infecções e 2,9 milhões de mortes até 2030.

O estudo, realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), analisou dados de 26 países e projetou cenários alarmantes caso o apoio financeiro continue reduzido. A modelagem matemática indicou que, sem intervenções, as consequências seriam devastadoras: até 880 mil novas infecções em crianças e 120 mil mortes infantis nos próximos cinco anos. Populações-chave, como profissionais do sexo e usuários de drogas, sofreriam impactos ainda maiores devido à menor cobertura de prevenção.

Em janeiro de 2021, Donald Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos da OMS, interrompendo uma histórica parceria de financiamento. Até então, os EUA eram o maior doador da agência, responsáveis por 75% dos programas da OMS voltados ao HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. A suspensão do financiamento impacta diretamente iniciativas de combate ao HIV, além de outros programas globais de saúde, como os de malária, poliomielite e tuberculose.

Os países mais afetados pela redução dos recursos são os de baixa e média renda, especialmente os da África Subsaariana, região que avançou significativamente no tratamento e prevenção do HIV. O estudo aponta que países como Albânia, Armênia, Azerbaijão, Camboja, Colômbia, Costa do Marfim, Quênia, Malásia, Moçambique, Uganda e Zimbábue serão os mais impactados.

Meg Doherty, diretora de programas globais de HIV da OMS, que não participou da pesquisa, alertou: “Interrupções nas cadeias de suprimentos e falta de pessoal já afetam duramente a prevenção. Este estudo é um lembrete claro de que a cooperação e o financiamento internacionais são essenciais para sustentar os avanços na luta contra o HIV”.

A suspensão de tratamentos essenciais, como as terapias antirretrovirais (ARVs), pode resultar no aumento da carga viral em pacientes diagnosticados, acelerando a propagação do HIV e o surgimento de novos casos de aids. Além disso, programas de prevenção, como a distribuição de camisinhas e de medicamentos como a PrEP, também são prejudicados. Mesmo se todos os recursos disponíveis forem destinados apenas à manutenção das terapias antirretrovirais, o estudo prevê 1,7 milhão de novas infecções.

A falta de tratamento adequado facilita o desenvolvimento de doenças oportunistas, que se aproveitam da fragilidade do sistema imunológico dos pacientes. Os medicamentos antirretrovirais, essenciais desde os anos 1980, ajudam a controlar o HIV e aumentam a qualidade de vida dos pacientes, evitando o enfraquecimento do sistema imunológico.

Além dos EUA, outros grandes doadores, como Alemanha, Reino Unido e Canadá, também reduziram suas contribuições, com cortes variando de 8% a 70%. A OMS estima que, mesmo com a retomada dos financiamentos, cerca de 61 mil pessoas podem morrer devido à suspensão dos programas de prevenção até 2030.

“Somente um financiamento sustentável e estável pode garantir o acesso contínuo à prevenção, testagem e tratamento”, concluiu Meg Doherty. Enquanto isso, os países afetados precisam buscar alternativas para proteger as populações vulneráveis e evitar retrocessos no combate à epidemia de HIV.

COLUNISTAS

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