Novo exame de sangue facilita diagnóstico precoce do Alzheimer

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Reprodução

Um grupo de pesquisadores brasileiros identificou biomarcadores no sangue que permitem detectar o Alzheimer com alto grau de precisão. O estudo, publicado em março na revista científica Nature Communications, aponta uma alternativa menos invasiva e mais acessível ao tradicional exame do líquido cefalorraquidiano, atualmente o principal método de diagnóstico da doença.

A pesquisa foi conduzida por especialistas do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), no Rio de Janeiro, e acompanhou 145 idosos brasileiros durante até quatro anos. Os participantes foram divididos em cinco grupos: pacientes com Alzheimer diagnosticado clinicamente, com comprometimento cognitivo leve, com demência por corpos de Lewy, com demência vascular e idosos sem sintomas cognitivos.

O principal objetivo foi testar o desempenho de diferentes biomarcadores presentes no plasma sanguíneo. Entre eles, a proteína pTau217 apresentou os melhores resultados, atingindo 94% de eficácia na identificação de alterações cerebrais típicas do Alzheimer. Quando combinada com o marcador Aβ42, a taxa de precisão chegou a 98%.

Atualmente, o diagnóstico mais preciso da doença é feito por meio da análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), obtido por punção lombar – um procedimento considerado invasivo, doloroso e de alto custo. A descoberta de marcadores sanguíneos eficazes representa um avanço importante na busca por métodos de diagnóstico mais simples e acessíveis.

Os testes utilizaram a plataforma SIMOA HD-X, uma tecnologia de alta sensibilidade capaz de medir concentrações mínimas de proteínas ligadas à neurodegeneração, como Tau, NfL, GFAP e suas formas fosforiladas (pTau181 e pTau217).

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que compromete a memória e outras funções cognitivas. De acordo com o Ministério da Saúde, ela representa mais da metade dos casos de demência registrados no país. Os primeiros sinais geralmente envolvem esquecimentos recentes, como nomes, datas ou tarefas simples. Com a evolução da doença, surgem sintomas mais graves, como desorientação, dificuldade de comunicação, irritabilidade e alterações de comportamento.

Embora mais comum em pessoas acima dos 70 anos, o Alzheimer pode se manifestar em indivíduos mais jovens, a partir dos 30. Nesses casos, é classificado como Alzheimer precoce. A identificação dos primeiros sintomas é fundamental para um diagnóstico antecipado, o que pode ajudar a retardar o avanço da doença e preservar a qualidade de vida do paciente.

Os pesquisadores ressaltam que, apesar dos resultados promissores, os testes precisam ser validados em estudos maiores antes de serem amplamente adotados na prática clínica. Ainda assim, a expectativa é que, no futuro, um simples exame de sangue possa acelerar o diagnóstico e facilitar o tratamento do Alzheimer.

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