Pelo menos 23 comunidades indígenas situadas no interior do Acre estão enfrentando os impactos das enchentes de rios e igarapés que afetam severamente o estado. A informação foi divulgada pelo governo estadual nesse domingo (25/02). No entanto, o número pode ser ainda maior, conforme apontado por Isaac Piyãko, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Juruá (DSEI – ARJ), que menciona a existência de comunidades onde ainda não foi possível estabelecer contato.
“Sim, nós estamos com todas as aldeias [atingidas] praticamente. Alto Envira, Feijó, Jordão, e Marechal, Thaumaturgo são as mais atingidas no momento que a gente tem informação. Mas são muitas comunidades, são muitas aldeias. Então, eu acredito que deva ter muito mais pessoas já com essa situação”, conta.
Segundo informações do governo, até agora, 395 indivíduos pertencentes a comunidades indígenas foram afetados. Essas comunidades incluem membros de diversas etnias, tais como Jaminawa, Kaxarari, Huni Kui e Manchineri.
Em comunicado divulgado no sábado (24), a Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ) chamou a atenção para essa questão, destacando especialmente a situação preocupante da Aldeia Apiwtxa, localizada na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo.
“A situação na região do Juruá é de extrema urgência, com comunidades indígenas enfrentando enchentes devastadoras devido a um período prolongado de chuvas intensas. Lideranças das comunidades Kuntanawa, Ashaninka e Noke Koi relatam o avanço preocupante das águas, ameaçando aldeias inteiras e colocando em risco a vida, a segurança e a subsistência de centenas de famílias”, dizia a nota.
Em resposta ao pedido, o governo do Acre anunciou a criação de uma força-tarefa específica para atender as comunidades indígenas.
Um informe divulgado pela DSEI-ARJ aponta que no Polo Base da cidade de Jordão foram atingidas as aldeias Chico Kurumim, Bom Jesus, Nova União e o bairro Kaxinawá.
“Todos os indígenas não aldeados e aldeados que estavam na casa de parentes foram retirados de suas casas e realocados em escolas e creches”, explica o relatório.
Já no Polo Base de Marechal Thaumaturgo as informações é que foram afetadas as aldeias Kuntanawa, Cachoeira, Apiwtxa e Jacobina.
“Eles estão saindo de suas casas e indo para locais mais altos, alguns fazendo acampamento. Nós articulamos com o exército de Marechal Thamaturgo, eles devem estar subindo hoje para lá para dar suporte. Porque nós não temos essa estrutura”, explica o coordenador da DSEI.
Piyãko diz que a prioridade agora é conseguir ajuda para levar água e mantimentos para abastecer as aldeias atingidas.