Aviso tem fundamento na movimentação de tropas russas em regiões a cerca de 300 km das fronteiras ucranianas
Subindo mais um degrau da crise entre o Ocidente e a Rússia, os Estados Unidos disseram a seus aliados europeus que o presidente Vladimir Putin está pronto para mandar invadir a Ucrânia, se assim o desejar. Tal operação poderia ocorrer em janeiro ou fevereiro, segundo um relato feito na semana passada pela inteligência americana e vazado à agência Bloomberg.
Ele coincide com as alegações do secretário de Estado americano, Antony Blinken, de que os EUA temem a repetição de 2014 —quando, reagindo ao golpe que derrubou o governo pró-Moscou em Kiev, Putin anexou a Crimeia e fomentou a guerra civil que fez do leste ucraniano uma terra regida por separatistas.
A nova leva de acusações joga água no moinho da crise, que tem outros aspectos em curso, como a disputa entre a Belarus, aliada de Putin, e a Polônia, membro da Otan (aliança militar ocidental) acerca de refugiados e a suspensão da certificação alemã do mais recente gasoduto russo.
O alarme tem fundamento na movimentação de tropas russas em regiões a cerca de 300 km das fronteiras ucranianas, desde o começo do mês. Kiev diz que há cerca de 100 mil soldados mobilizados.
O Kremlin não nega e diz que como posiciona suas forças é problema seu, mas nesta segunda voltou a negar que tenha intenção de atacar o vizinho. Repetindo o discurso linha-dura de Putin na semana passada, o porta-voz Dmitri Peskov acusou o Ocidente de estar tocando tambores de guerra ao fornecer armas como mísseis antitanque Javelin à Ucrânia.
De seu lado, o governo do impopular presidente Volodimir Zelenski realiza exercícios militares em torno de Kiev desde domingo (21), simulando ataques aerotransportados na área de Jitomir. Na semana passada, usou munição real em manobras perto da fronteira da Crimeia.
Toda essa movimentação está agitando os meios diplomáticos, pelo temor real de um confronto que possa testar o grau de comprometimento da Otan com Kiev. Os ucranianos querem fazer parte do clube militar, o que é inaceitável para a Rússia.
Com informações do jornal Folha de S.Paulo