Remédio emagrecedor sem caneta injetável é lançado nos EUA

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Na terça-feira (27), a Eli Lilly, fabricante do medicamento Zepbound, declarou que as doses iniciais do medicamento para perda de peso agora estão disponíveis em frascos de dose única nos Estados Unidos. A empresa acredita que, devido à alta demanda que persiste, essa medida “expandirá significativamente” a oferta.

Os pacientes usarão uma seringa para retirar o medicamento em vez de uma caneta injetora pré-carregada, como acontece com outros medicamentos da mesma categoria, como Ozempic e Wegovy, produzidos pela Novo Nordisk.

O ingrediente ativo do Zepbound e do Mounjaro, Tirzepatida, é um novo tipo de medicamento usado para tratar diabetes e obesidade, que ficou muito popular, causando escassez e levando algumas pessoas a usar versões produzidas por farmácias de manipulação. No Brasil, o Zepbound ainda não foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e nem está disponível para ser comercializado. No país, apenas é aprovado o Mounjaro, mas também ainda não está disponível para compra e venda.

“Esses novos frascos não apenas nos ajudam a atender à alta demanda por nosso medicamento para obesidade, mas também ampliam o acesso para pacientes que buscam uma opção de tratamento segura e eficaz”, diz Patrik Jonsson, presidente da Lilly Cardiometabolic Health e da Lilly USA, em comunicado.

A única pessoa que pode comprar os novos frascos diretamente pela plataforma da empresa chamada LillyDirect, que ajuda a organizar serviços de telemedicina e preencher prescrições dos pacientes.

De acordo com a Eli Lilly, o preço listado de outros medicamentos GLP-1 para obesidade para um fornecimento de 2,5 miligramas (mg) em frascos de quatro semanas é de US$ 399 (cerca de R$ 2.195,62 na cotação atual) e US$ 529 (cerca de R$ 2.933,11).

A empresa afirmou que esses preços estão em linha com os benefícios do programa de economia da Lilly para indivíduos sem seguro. Mas a opção de pagar do próprio bolso pelos frascos agora amplia o acesso para pacientes que não são elegíveis para o programa de economia, como aqueles que têm Medicare.

“Apesar de a obesidade ser reconhecida como uma doença crônica grave com consequências a longo prazo, ela frequentemente é classificada como uma escolha de estilo de vida, resultando na exclusão de medicamentos como o Zepbound pela cobertura de seguros de muitos empregadores e do governo federal”, diz Jonsson.

“Políticas desatualizadas e a falta de cobertura para medicamentos para obesidade criam uma necessidade urgente de soluções mais inovadoras. Trazer frascos de dose única de Zepbound para os pacientes ajudará mais pessoas que vivem com obesidade a gerenciar essa condição crônica. Também continuaremos a advogar por um sistema que melhor se alinhe com a ciência.”

A tirzepatida atua mimetizando hormônios que estimulam a liberação de insulina, aumentam a sensação de saciedade e reduzem o apetite. Ela atua em dois receptores hormonais, GIP e GLP-1. A semaglutida, conhecido como Ozempic para diabetes e Wegovy para perda de peso, também faz parte dessa ampla classe de medicamentos.

A escassez contínua de tirzepatida e outros medicamentos populares para perda de peso permitiu que versões manipuladas dos tratamentos — com ingredientes semelhantes ou relacionados — chegassem ao mercado, com menor supervisão e regulamentação por parte da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos.

A FDA emitiu um alerta no mês passado sobre as versões manipuladas da semaglutida; a agência disse que recebeu relatos de eventos adversos — alguns exigindo hospitalização — devido a erros de dosagem relacionados a unidades de medida, variação nas concentrações dos produtos e uso de frascos múltiplos. Os pacientes “não devem usar um medicamento manipulado se um medicamento aprovado estiver disponível”, disse a agência.

A Eli Lilly também levantou preocupações sobre os potenciais riscos que as versões manipuladas e falsificadas de seus medicamentos representam para os pacientes. Em uma carta aberta, a empresa enfatizou que é o “único fornecedor legal de medicamentos tirzepatida aprovados pela FDA” e que produtos de outras fontes não verificadas podem ser “falsificados, enganosos ou de alguma forma inseguros”. No Brasil, a empresa também emitiu uma carta aberta alertando sobre os riscos de medicamentos falsificados vendidos no país.

“[Segurança] é nossa prioridade número um, e esta é uma excelente maneira para os pacientes saberem que estão recebendo medicamento genuíno da Lilly”, afirma Rhonda Pacheco, vice-presidente do grupo de Lilly US Cardiometabolic Health. Milhares de pessoas usam o LillyDirect a cada semana, segundo ela.

A experiência para pessoas que se autoaplicam tirzepatida com uma seringa retirada de um frasco provavelmente será semelhante ao uso de uma caneta pré-preenchida — e pode vir com alguns benefícios adicionais, segundo Jody Dushay, endocrinologista do Beth Israel Deaconess Medical Center e professora assistente de medicina na Harvard Medical School.

“É algo mais tradicional, mas tenho pacientes com diabetes tipo 1 e 2 que preferem o frasco e a seringa aos dispositivos de caneta. Não acho que seja uma questão muito maior usar uma seringa de insulina em vez de um injetor automático, a menos que alguém tenha uma fobia severa de agulhas”, escreveu em um e-mail. “Não é tão difícil encher uma seringa, embora os idosos, aqueles com destreza limitada e aqueles com visão ruim estejam melhor com o injetor automático.”

A seringa e o frasco podem realmente permitir uma flexibilidade adicional nas doses, especialmente para níveis iniciais, diz Dushay. Os pacientes poderiam retirar menos de 2,5 mg se estivessem com efeitos colaterais severos ou menos de 5 mg se estivessem prontos para aumentar, mas não dobrar a dose.

Além disso, a maioria das versões manipuladas de tirzepatida vem em frascos, então os pacientes devem ter um cuidado especial com a fonte de seu medicamento, observa a especialista.

Dados de ensaios clínicos mostraram que pessoas que usaram injeções de 5 mg de tirzepatida perderam cerca de 15% de seu peso após mais de um ano de tratamento, em média.

Outro estudo recente descobriu que pessoas que usaram injeções de tirzepatida perderam mais peso e foram mais propensas a atingir metas específicas de perda de peso do que aquelas que usaram semaglutida.

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