O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) passou a madrugada de quinta-feira (10) dormindo no chão de um plenário da Câmara dos Deputados, após iniciar uma greve de fome. Ele afirmou que permanecerá no Congresso até o desfecho do processo que pode levar à cassação de seu mandato.
A medida foi uma resposta à aprovação, na quarta-feira (9), por 13 votos a 5, do parecer do relator Paulo Magalhães (PSD-BA) no Conselho de Ética da Câmara, que recomenda a perda do mandato de Braga por quebra de decoro parlamentar. O deputado reagiu classificando o processo como parte de um “acordo político” para sua remoção e acusou o ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), de ser o responsável pela manobra, como retaliação às denúncias feitas por ele sobre o “orçamento secreto”.
“Estou há 30 horas e 30 minutos me alimentando apenas de líquidos. Estou no mesmo plenário onde votaram pela minha cassação. Esta é uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto. Irei até o fim”, escreveu Glauber em suas redes sociais.
O processo contra o parlamentar foi iniciado após o partido Novo apresentar uma representação alegando que Braga teria agredido o militante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro, durante uma discussão em abril de 2024. A sessão do Conselho foi marcada por momentos de tensão e confusão.
Apoiadores de Glauber consideram a punição exagerada e destacam que o relatório não menciona supostas ofensas dirigidas à mãe do deputado, que, segundo eles, teriam provocado sua reação. Por outro lado, opositores o acusam de descontrole e de mentir ao afirmar que foi agredido antes de revidar.
Após a votação, Glauber anunciou que recorrerá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para tentar reverter a decisão do Conselho de Ética.
O PSOL divulgou uma nota em que repudia a decisão do Conselho, classificando o parecer como “um grave ataque à democracia e ao livre exercício do mandato parlamentar”. O partido ainda considerou a punição “desproporcional e injustificável”, especialmente quando comparada à forma como casos semelhantes são tratados na Câmara. O PSOL prometeu recorrer a todos os meios jurídicos e institucionais para reverter a decisão e intensificar a denúncia pública.