O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, entregou seu cargo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (2), após semanas de desgaste político provocado por denúncias de fraudes em benefícios do INSS. A saída ocorre em meio a articulações do Palácio do Planalto e sob pressão interna até mesmo dentro do PDT, partido ao qual Lupi é filiado.
O anúncio foi feito pelo próprio ex-ministro nas redes sociais. “Entrego, na tarde desta sexta-feira (2), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade”, escreveu.
A decisão de substituí-lo foi articulada pelo Planalto, que designou a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), para negociar com a direção do PDT. A legenda deve continuar no comando da pasta, e os nomes mais cotados para o cargo são o deputado André Figueiredo (CE) e o atual secretário-executivo do ministério, Wolney Queiroz (PE).
A saída de Lupi foi acelerada após a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União identificarem um esquema de descontos fraudulentos aplicados por associações conveniadas ao INSS, com prejuízos que podem chegar a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
A cúpula do PDT também considerava sua permanência insustentável. Lupi deverá retomar a presidência do partido, com a missão de fortalecer a base governista no Congresso diante da ofensiva da oposição e da possibilidade de uma CPI para apurar as irregularidades no INSS.
No Planalto, a avaliação é de que a saída de Lupi é um movimento estratégico para conter a crise, proteger a imagem da Previdência Social e garantir a governabilidade frente às investigações em curso no Congresso.
Leia a íntegra da carta de demissão de Lupi:
“Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade. Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS. Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula.
Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para prejudicar o povo trabalhador. Continuarei acompanhando de perto e colaborando com o governo para que, ao final, todo e qualquer recurso que tenha sido desviado do caminho de nossos beneficiários seja devolvido integralmente.
Deixo meu agradecimento aos mais de 20 mil servidores do INSS e do Ministério da Previdência Social, profissionais que aprendi a admirar ainda mais nestes pouco mais de dois anos à frente da Pasta. Homens e mulheres que sustentam, com dedicação, o maior programa social das Américas. Carlos Lupi”.
