Um dos maiores festivais de arte urbana feminina da América Latina, o Graffiti Queens Festival acontece no próximo final de semana em Manaus. Com o tema “Donas do Rolê’, o evento será realizado no sábado(10) e domingo(11), a partir das 9h, na entrada do Campo São Pedro, localizado na Avenida Nepal, Nova Cidade, na Zona Norte da capital amazonense. O evento é em parceria com o coletivo cultural Movimento Nepal Vive.
Conforme Wɨra tini, idealizadora do Graffiti Queens, o projeto foi criado em 2016 e nasceu com a proposta de dar visibilidade à produção artística urbana feita por mulheres, especialmente aquelas do Norte e Nordeste do Brasil.
“O Graffiti Queens foi criado para difundir, divulgar e criar um cenário cada vez mais forte entre as mulheres que fazem arte urbana, tanto no Brasil quanto no mundo todo”, afirmou Wɨra.
Ao longo de nove anos, o Graffiti Queens enfrentou desafios como a busca por apoio e patrocínio, especialmente por ser um projeto idealizado por mulheres e, em sua parte, que são mães. Ainda assim, o festival cresceu, ganhou repercussão internacional e hoje inspira outros projetos semelhantes.
“A gente conseguiu fazer a primeira revista de graffiti feminino do mundo. Muitas artistas de fora do país se inscreveram para participar das edições, e isso mostra a força e o alcance do que estamos construindo”, ressaltou a idealizadora.
Em 2021, o festival marcou um feito histórico ao realizar o Yapai Waina, primeiro festival de grafite feminino da Amazônia, cujo nome é uma homenagem ao povo indígena Kokama.
“É um marco para a história da arte urbana. Um festival internacional focado nas mulheres da Amazônia, com um nome indígena, mostra que os povos originários estão presentes também na arte urbana”, destaca Wɨra.
A proposta deste ano, com o tema ‘Donas do Rolê’, é reafirmar o direito das mulheres a ocuparem os espaços urbanos e culturais.
“Estamos falando de um festival internacional, que fortalece a arte urbana na Amazônia e ao mesmo tempo movimenta o território onde acontece. A ideia é criar essa rede de mulheres artistas e incentivar que meninas possam se ver nesse lugar também. Queremos que meninas e mulheres se inspirem, entendam que têm essa competência, e que não desistam no caminho. Nosso papel é incluir, apoiar e construir essa rede de apoio entre mulheres da arte”, ressalta Wɨra tini.
Programação diversa e foco na comunidade
O evento promete uma programação voltada à ocupação criativa e à formação artística. No sábado(10), oficinas e workshops serão realizados, incluindo um workshop de skate para mulheres e crianças, em parceria com a Associação ZN, da Zona Norte de Manaus. O objetivo é viabilizar o primeiro contato das mulheres e meninas da comunidade com o esporte, principalmente em relação às que não moram na região. Quem desejar participar, pode se inscrever pelo link do Google Forms disponibilizado no @gqfestival, no Instagram, ou comparecer no dia do evento.
O evento também incluirá atividades esportivas, como amistosos de futebol, apresentações de DJs e oficinas de grafite. Com isso, o festival busca integrar diferentes linguagens artísticas e mobilizar a cena cultural local.
O Grafitti Queens é contemplado pelo Edital Macro de Chamamento Público nº 004/2024 – Projetos Culturais, na categoria Hip-Hop.
Revista pioneira no Brasil
Mais do que um festival de grafite, o Graffiti Queens é um projeto diversificado. Exemplo disso, é a criação da Revista Graffiti Queens, que visa o registro e divulgação do trabalho de mulheres na arte urbana e tem foco em ser uma fonte de pesquisa tanto no país quanto internacionalmente.
“O conteúdo que a gente coloca na revista são imagens de trabalho de artistas. Os temas são diversos, já tivemos falando sobre a vida das mulheres, sobre a história do grafite, sobre festivais de arte urbana feita por mulheres. Lançamos a terceira edição da revista no México, temos projetos tanto do Norte, do Nordeste, do Sul e Sudeste, sobre o trabalho e projetos de mulheres que acontecem nessas regiões para as pessoas ficarem sabendo e ter esse documento escrito”, explica Wɨra.
A terceira edição da revista teve a primeira fotógrafa de graffiti no mundo, Martha Cooper, como capa e em uma entrevista exclusiva para a edição. Mais detalhes sobre novas publicações podem ser acompanhados pelo Instagram @revistagraffitiqueens.
Com informações da assessoria