O 58º Festival Folclórico de Parintins terminou sob clima de tensão nesta segunda-feira (30), após a vitória do boi Garantido, que conquistou seu 33º título ao somar 1.259 pontos, dois a mais que o rival Caprichoso. A apuração foi marcada por protestos, denúncias e a saída do presidente do boi azul, Rossy Amoedo, do Bumbódromo em sinal de repúdio às notas atribuídas por jurados.
A crise teve início após a divulgação das avaliações do primeiro módulo da segunda noite de apresentações, realizada em 28 de junho. A nota do Item 2 – Levantador de Toadas – foi o estopim da revolta. O levantador do Caprichoso, Patrick Araújo, recebeu 9,9 e 9,8 dos jurados Amanda Veiga e Marcos Moreira, enquanto David Assayag, do Garantido, teria obtido notas máximas, o que gerou revolta entre os representantes do boi azul.
“Um levantador rouco esquece a toada na arena e leva 10. O outro canta perfeitamente e recebe 9,8. Isso é um absurdo”, declarou Rossy Amoedo antes de abandonar a apuração acompanhado pela comissão e delegados do Caprichoso.
O presidente do Touro Negro afirmou ainda que a agremiação já havia alertado sobre possíveis interferências e pediu a impugnação de alguns jurados antes do festival. “Está registrado em ofício. Denunciamos que isso aconteceria”, disse.
Apesar da saída do Caprichoso, a apuração seguiu e oficializou a vitória do Garantido, que levou à arena o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”, exaltando as raízes populares e a cultura amazônica.
Nas redes sociais, o Caprichoso se declarou “campeão do povo” e afirmou que irá solicitar a anulação do resultado por “incoerências e injustiças”. A agremiação anunciou uma coletiva de imprensa para esta terça-feira (1º), prometendo apresentar provas de supostas irregularidades envolvendo jurados e o boi Garantido.
Até o momento, nem a organização do festival nem representantes do Garantido se manifestaram sobre as acusações.
Antes do início do festival, tanto Garantido quanto Caprichoso protocolaram pedidos formais de impugnação de membros da banca julgadora. O Garantido solicitou a retirada de três nomes: Matheus Foster Dias, Joana Ramalho Ortigão e Adriano Azevedo Gomes, alegando descumprimento do regulamento, que proíbe vínculos pessoais ou profissionais com membros das agremiações.
O Caprichoso, por sua vez, pediu a exclusão de Marcos Moreira e Hylnara Anny Vidal Oliveira pelos mesmos motivos. Ambos os pedidos foram negados pela organização.
Com um desfecho cercado por desconfiança e protestos, o Festival de Parintins 2025 termina não apenas como um espetáculo cultural, mas também como um capítulo conturbado na história da tradicional disputa entre os bois.