A disputa pela herança de um dos maiores empresários do Amazonas, Cassiano Cirilo da Anunciação, o “Batará”, transformou-se um uma guerra midiática promovida pelos dois filhos do segundo casamento dele, Francisco Cirilo Anunciação e Cyro Anunciação.
Nos últimos dias, os dois têm trocado acusações em público e na Justiça. Ambos acusam um ao outro de maus tratos com a viúva, Valdelina Anunciação, diagnosticada com Alzheimer em fase inicial. Ela vive com o caçula, Cyro, mas sua curatela é requisitada por Cirilo.
Ao todo “Batará”, morto em dezembro do ano passado, aos 92 anos, tinha oito filhos, os seis primeiros de outros relacionamentos. Estes mantém-se longe dos holofotes, ao contrário dos dois mais novos.
Cirilo e Cyro comandaram juntos, por mais de uma década, o Grupo Diário de Comunicação até brigarem, em meados dos anos 2010. Os pais optaram por passar o comando das operações ao caçula, enquanto o outro procurou caminhos independentes.
Cirilo fundou e mantém a Local TV e comanda também a VAT, empresa de mídia que coordena o ensino à distância da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Passou a ser figura influente no Governo do Estado e aproximou-se dos comandantes da Rede Calderaro da Comunicação, com quem mantém estreita ligação.
Cyro manteve no ar a TV Diário, o portal D24am e roda periodicamente os jornais Diário do Amazonas e Dez Minutos, além de tocar empresas de mídia externa.
Depois da morte do pai, os dois passaram a brigar na Justiça pelo controle da herança. Nos últimos meses, entretanto, os irmãos passaram a se atacar publicamente, em uma briga que acaba envolvendo também interesses políticos, já que os dois são próximos de grupos políticos antagônicos. Vários veículos de mídia publicam acusações contra um e outro, seja por causa dos negócios de cada um, seja por conta da disputa pela herança e o tratamento dispensado à mãe.
Há dois meses Cyro registrou boletim de ocorrência acusando o irmão de agressão. A mãe também chegou a registrar boletim contra Cirilo. O pomo da discórdia entre os irmãos é um belo espólio. São centenas de imóveis, empresas, contas bancárias recheadas. Uma fortuna incalculável.
“Batará” começou a vida como motorista, depois criou a maior empresa de ônibus do Estado, vendida no final dos anos 70 a preço de ouro, o que deu origem à fortuna investida em imóveis, hotel, agência de turismo, postos de combustíveis, shoppings e o grupo de comunicação.
“É uma guerra familiar, que acaba sobrando para quem está em volta. Difícil administrar isso”, diz um importante político ouvido pelo Barelândia.