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Documentário  exalta contribuição sociocultural das religiões de matrizes africanas na Amazônia

Os cânticos e preparos para a evocação dos orixás ganham visibilidade para além dos terreiros em “Xirê dos Orixás”, produção audiovisual do Babalorixá e cantor James Rios. O documentário está disponível no Youtube no canal oficial do cantor (youtube.com/jamesrios).

A contribuição social e cultural promovida pelos terreiros e pais de santo na cidade de Manaus e na Amazônia ganha destaque na obra de James. “A gênese embrionária das religiões de matrizes africanas foi parte importante da construção identitária brasileira. E na Amazônia, em meio aos processos de colonização, existem a memória e a fé, seus ritos, magia e devoção, cravados nos solos afro-amazônicos”, explica Rios.

O babalorixá conta que tinha reservas sobre mostrar seu lado religioso dessa forma, mas, que por força e apoio de sua amiga Lucilene Castro, topou o desafio. “Ela me ajudou e me incentivou na produção do projeto. Sou muito grato a ela e a todos que toparam esse desafio comigo”, dispara o religioso.

Dividido em quatro atos, a obra retrata, em cores e sons, o Xirê, palavra Yorubá que significa roda, ou dança para a evocação dos Orixás conforme cada nação do candomblé. No documentário, além dos entrevistados, ainda há as participações especiais das cantoras Márcia Siqueira e Lucilene Castro.

O projeto mostra a cultura afro-brasileira, sob a ótica do candomblé de forma artística, conta o pesquisador de diásporas negras e diretor geral do projeto Júlio César Gama. “Esse trabalho será apresentado como um mosaico, mostrando de forma artística, a partir de Manaus, essa religiosidade na Amazônia. O doc comprova que o Xirê, e que esses tambores africanos aqui também ecoam” , disse.

O registro audiovisual apresenta o trabalho de James Rios, enriquecido com as cantoras convidadas, além de manifestações religiosas de alguns terreiros, como Ylê Ase Opo Ajagunã, Ylê Ase Abaose Okorolonan, Ylê Ase Odétayó e Ylê Ase Opô Messam Orum explica Gama.

“São quatro atos, o primeiro Religiões de Matrizes Africanas na Amazônia, seguido por Ylê Ase Abaose Okorolan, que é o terreiro do pai James; o terceiro ato é o Balaio a Oxum, uma reverência a Oxum por ser o orixá da mãe de santo do pai James. O ato final é Apoteose a Oxalá, onde temos uma fala do pai Aristides Mascarenhas sobre o que é o xirê e a relação do Ylê Ase Ajagunã, na Bahia, tem com o terreiro de James, fazendo do segundo uma extensão do primeiro”, explica o diretor.

O babalorixá Aristides Mascarenhas promove essas aproximações com terreiros de Manaus há 20 anos e explica o que é o xirê. “Realizo os trabalhos com vários terreiros na cidade. Assim tive contato com a casa da mãe do “pai” James que é Opô. Ele realizou suas obrigações comigo, que também sou da família Opô, a quinta geração dessa família. Então, o xirê é a’ chamação’ do orixá que se reúne com todos os médiuns para incorporação quando estão no transe”, afirma o babalorixá presidente da Federação Nacional do Culto Afro-brasileiro.

“A importância que esses trabalhos trazem à sociedade é de uma riqueza que não tem explicação. É o registro de memórias de religiões, sejam de matrizes africanas ou indígenas, que sofrem pela invisibilidade, pela segregação e pelo preconceito”, desabafa o pesquisadorJúlio Gama.

Para ele, o projeto exalta a contribuição dos negros no campo social, também como formadores da Amazônia. “James resgata esse orgulho de ser participante da religião, da sua nação Alaketu e também une dois pontos: o cantor James Rios e o babalorixá James de Ogum. Duas faces bem distintas. Aqui, essas faces confluem emolduradas por uma riqueza imagética, de sons, gestos e simbolismos”, conclui Júlio Gama.

O documentário “Xirê dos Orixás” foi premiado na Lei Aldir Blanc, através do edital Feliciano Lana, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Amazonas.

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