O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concluiu neste mês uma operação contra o desmatamento ilegal no município de Apuí, no sul do Amazonas. A ação resultou em R$ 173 milhões em multas, com a emissão de 87 autos de infração e o embargo de aproximadamente 27 mil hectares de floresta, o equivalente a 26 mil campos de futebol.
A fiscalização teve como foco áreas de assentamentos rurais, alvo frequente de grilagem e invasão de terras públicas. Esses territórios estão entre os mais desmatados da Amazônia nos últimos anos. Durante a operação, agentes do Ibama destruíram estruturas usadas na atividade agropecuária ilegal, como currais e cercas, e apreenderam equipamentos utilizados nos crimes ambientais.
Os fiscais também constataram a presença de ocupantes que não atendem aos critérios da reforma agrária e a prática irregular de concentração fundiária, com grandes desmatadores adquirindo diversos lotes de pequenos assentados para formar grandes propriedades rurais – o que contraria os princípios do programa de assentamento.
As irregularidades identificadas serão encaminhadas ao Ministério Público Federal para investigação e possível responsabilização dos envolvidos. Os autuados poderão responder por infrações ambientais, incluindo o descumprimento de embargos e a destruição de áreas protegidas, crimes previstos na Lei nº 9.605/1998, com pena de até um ano de detenção, além de multa. Também foram notificados a remover o gado e demais estruturas das áreas embargadas.
Apuí é atualmente um dos principais focos de desmatamento no Amazonas. Segundo o sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o município registrou 479 alertas em 2025, totalizando cerca de 19 mil hectares de floresta derrubada.