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sábado, dezembro 7, 2024
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Rio Negro pode bater recorde de seca histórica em Manaus

O Rio Negro, um dos principais tributários do Rio Amazonas, está à beira da seca histórica prevista para 2023 em Manaus, de acordo com um aviso da Defesa Civil do Amazonas. A cidade enfrenta uma situação crítica, com apenas 67 centímetros de diferença entre o nível atual e o mais baixo já registrado em 121 anos de monitoramento.

A medição do Rio Negro realizada em 29 de setembro de 2024 apontou 13,37 metros, aproximando-se da marca de 12,70 metros, considerada a cota mínima histórica, atingida em 2023. Este contexto coloca Manaus em uma situação de emergência, considerando que o rio possui mais de 1,7 mil quilômetros de extensão e exerce uma função crucial na vida da cidade, tanto no aspecto econômico quanto social. A população e os turistas, por exemplo, já não podem frequentar a praia da Ponta Negra, um dos principais pontos turísticos da cidade, fechada devido ao baixo nível das águas.

A diminuição do volume de água também tem impactos drásticos no porto da capital, onde bancos de areia estão surgindo no meio do rio, forçando embarcações a ancorarem cada vez mais distantes da área habitual. Esta condição não só afeta o transporte fluvial, mas também coloca em risco a pesca, uma atividade vital para a população ribeirinha e urbana.

A seca que atinge Manaus e outras 61 cidades do Amazonas não é um fenômeno isolado, mas parte de um quadro de estiagem severa que já afeta diretamente 560 mil pessoas no estado. Dessas, aproximadamente 140 mil famílias estão sendo atingidas de maneira direta. Este cenário impacta não apenas o abastecimento de água e alimentos, mas também a saúde e o bem-estar das comunidades. A escassez de peixes, que é uma das principais fontes de proteína da população, é uma das preocupações mais urgentes.

De acordo com a Defesa Civil, desde o começo de setembro, o Rio Negro já sofreu uma diminuição de 6,36 metros, o que corrobora a previsão de que a estiagem deste ano pode ultrapassar a de 2023. A velocidade da vazante é alarmante: nos últimos 30 dias, o rio diminuiu em média 23 centímetros diariamente, enquanto nos últimos sete dias, essa perda foi de 19 centímetros diários.

O governo do estado prevê que o Amazonas sofra uma seca tão intensa quanto a de 2023, ou até mais severa. Um relatório do Serviço Geológico do Brasil, divulgado em 28 de setembro, aponta para a possibilidade de o nível do Rio Negro cair abaixo dos 12 metros pela primeira vez na história, o que traria consequências ainda mais graves para a região. A falta de chuvas e a previsão de clima seco continuam a ser um fator de preocupação, não apenas para as autoridades, mas também para os moradores que dependem diretamente dos recursos hídricos.

A redução do volume de água no Rio Negro também afeta uma das maiores atrações turísticas da região: o famoso Encontro das Águas. Esse fenômeno natural, em que as águas escuras do Rio Negro se misturam com as águas barrentas do Rio Solimões, é considerado um dos principais patrimônios do estado. No entanto, devido à seca, o encontro das águas tem se tornado cada vez mais difícil de ser visualizado, prejudicando o turismo local, que atrai visitantes do Brasil e do mundo.

A Defesa Civil do Amazonas acompanha de perto a situação e se esforça para atenuar os impactos da seca. Contudo, os obstáculos são enormes, levando em conta que o Amazonas é o maior estado brasileiro em território e que os rios desempenham um papel crucial no transporte, fornecimento e sobrevivência das comunidades ribeirinhas. As medidas de emergência englobam o envio de bens e a execução de programas de suporte às famílias mais impactadas, bem como ações para assegurar o fornecimento de água nas áreas mais vulneráveis.

A seca, além dos desafios no fornecimento de água e alimentos, também coloca em risco a biodiversidade da área. Animais aquáticos, incluindo peixes e plantas, podem ser afetados pela falta de água, afetando o equilíbrio ecológico local.

Especialistas afirmam que eventos de seca extrema, como o que Manaus está enfrentando, podem estar ligados às mudanças climáticas globais. A redução das chuvas e o aumento das temperaturas são fatores que contribuem para a diminuição dos níveis dos rios na região amazônica. Embora o ciclo de vazante e cheia dos rios seja um fenômeno natural na Amazônia, a intensidade e a duração das secas recentes têm sido motivo de preocupação.

As autoridades também estão discutindo políticas de longo prazo para lidar com as consequências das mudanças climáticas na região. Medidas como o uso sustentável dos recursos hídricos, a proteção das áreas de floresta e a implementação de tecnologias que ajudem a mitigar os efeitos da seca são temas que vêm sendo debatidos por governos, organizações ambientais e a sociedade civil.

A seca do Rio Negro traz não apenas consequências ambientais, mas também econômicas e sociais para a região. O transporte fluvial, que é uma das principais formas de mobilidade no Amazonas, foi gravemente afetado, especialmente nas áreas mais isoladas. Muitas comunidades dependem exclusivamente dos rios para o transporte de mercadorias e o deslocamento de pessoas. Com o nível do Rio Negro em queda, a navegação se torna cada vez mais difícil, o que impacta diretamente o abastecimento de produtos básicos em diversas regiões.

O comércio local também enfrenta desafios. A diminuição do fluxo de turistas e o impacto na pesca prejudicam diretamente a economia de Manaus e das cidades vizinhas. Muitas famílias, que dependem da pesca e do turismo para garantir sua subsistência, estão vendo suas fontes de renda se esgotarem rapidamente.

O governo do Amazonas, em parceria com órgãos federais e organizações não-governamentais, tem desenvolvido estratégias emergenciais para lidar com os impactos da seca. Entre as principais ações estão a distribuição de água potável para as comunidades mais afetadas, o envio de cestas básicas e a criação de programas de suporte econômico para as famílias que perderam suas fontes de renda. A construção de poços artesianos em áreas críticas também é uma das soluções apontadas para garantir o abastecimento de água.

No entanto, as autoridades reconhecem que essas medidas são paliativas e que é necessário um plano de ação de longo prazo para enfrentar as secas cada vez mais frequentes. A criação de políticas públicas voltadas para a preservação dos recursos hídricos e a proteção da Amazônia são vistas como essenciais para evitar que situações como essa se tornem recorrentes.

COLUNISTAS

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