O ativista brasileiro Thiago Ávila, de 38 anos, deve ser deportado de Israel até esta sexta-feira (13), após ser detido pela Marinha israelense ao tentar levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Preso desde segunda-feira (9), Ávila foi colocado em uma cela solitária após iniciar uma greve de fome em protesto contra sua detenção, classificada por ele como sequestro, já que ocorreu em águas internacionais.
De acordo com a organização israelense de direitos humanos Adalah, que representa legalmente os detidos, Thiago e outros cinco voluntários da Flotilha da Liberdade foram levados para o Aeroporto Internacional Ben Gurion, onde aguardam a deportação. “Após mais de 72 horas de detenção, as autoridades de imigração informaram que os voluntários foram transferidos para o aeroporto. Advogados enfrentam dificuldades para acessá-los”, afirmou a entidade em nota.
O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) do Brasil classifica a prisão como um possível crime de guerra. Já o Itamaraty acompanha o caso e declarou que houve violação do direito internacional, exigindo a libertação de Thiago.
Thiago Ávila integrava um grupo de 12 ativistas da Flotilha da Liberdade que, na última segunda-feira (10), tentou romper o bloqueio israelense para entregar alimentos e medicamentos à população de Gaza. O objetivo da ação era também denunciar o cerco imposto por Israel e pedir a criação de um corredor humanitário.
Segundo a Adalah, Israel ainda mantém presos dois ativistas franceses — Pascal Maurieras e Yanis Mhamdi — na prisão de Givon. Eles também devem ser deportados até sexta-feira. Oito dos ativistas se recusaram a assinar um documento exigido pelas autoridades israelenses, que os obrigaria a reconhecer a entrada ilegal no país — o que atrasou o processo de deportação.
Ainda de acordo com a Flotilha, quatro ativistas, incluindo a sueca Greta Thunberg, aceitaram assinar o documento como estratégia para retornar aos seus países e denunciar o tratamento recebido.
Cerca de 2 milhões de palestinos vivem sob um bloqueio imposto por Israel há mais de três meses. Apenas uma empresa dos Estados Unidos está autorizada a fornecer alimentos à região, e a ONU estima que cerca de 6 mil caminhões com ajuda humanitária estão retidos na fronteira com o Egito. Organizações internacionais alertam que os centros de distribuição controlados por Israel são insuficientes, e que há relatos frequentes de assassinatos de palestinos durante as entregas.