A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deixou a audiência da Comissão de Infraestrutura do Senado nesta terça-feira (27) após se sentir desrespeitada durante um embate com parlamentares sobre a BR-319. A sessão foi marcada por tensão, acusações e declarações consideradas ofensivas, especialmente por parte do presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), que chegou a dizer que a ministra deveria “se colocar no seu lugar”.
O episódio teve início durante uma discussão entre Marina e o senador Omar Aziz (PSD-AM), que responsabilizou a ministra pela paralisação das obras da BR-319 e sugeriu que isso teria contribuído para a crise do oxigênio em Manaus durante a pandemia. Marina rebateu, lembrando que não ocupava o cargo de ministra entre 2008 e 2023 e que diversos outros ministros passaram pela pasta nesse período sem concluir a obra.
Ao tentar interromper a discussão, Marcos Rogério pediu para que o debate fosse encerrado: “Ministra, depois faça uma reunião com a equipe do governo para esse debate. Vamos seguir a pauta da audiência.” Marina respondeu: “Fique tranquilo, é um governo de frente ampla, para enfrentar a ditadura com a qual o senhor não se importou”, apontando o dedo em direção ao senador.
O clima se intensificou com a reação de Marcos Rogério: “Essa é a educação da ministra Marina Silva. Ela aponta o dedo. Não vou me intimidar.” Marina respondeu: “O senhor gostaria é que eu fosse uma mulher submissa. Eu não sou.” Rogério rebateu: “Agora sexismo, ministra? Me respeite.” “Eu estou lhe respeitando, o senhor é que tem que me tratar com educação”, disse Marina, antes de ouvir: “Me respeite, se ponha no seu lugar.”
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Minutos depois, a ministra decidiu deixar a audiência. A situação ficou ainda mais crítica quando o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que Marina não merecia respeito como ministra, apenas como mulher. Diante das declarações, a ministra considerou ter sido desrespeitada e se retirou do colegiado.
Após sua saída, Marcos Rogério anunciou que irá pautar a convocação da ministra em nova reunião da comissão, o que tornará sua presença obrigatória.
A ministra havia sido convidada para prestar esclarecimentos sobre estudos relacionados à criação de unidades de conservação marinha na Margem Equatorial.