Por Vinícius Andrade – Quem assistiu ao filme de 94 estrelado pelo falecido Brandon Lee, dificilmente vai conseguir se desapegar daquele visual gótico do personagem, o carisma que o ator tinha e ao visual da cidade que foi muito bem construído, já quem nunca assistiu e que não tem apego ao material de origem quem é a HQ de James O’Barr, pode embarcar nessa nova empreitada sem muita exigência e acabar gostando do resultado (ou não).
No meu caso, eu achei ele um filme bem medíocre. Embora tenha bons conceitos, uma mitologia muito interessante, só isso não é o bastante para suprir as necessidades do filme que peca muito pelo excesso entre o casal protagonista, coisa que o filme de 94 ficou devendo e muito. Já o visual, o de 94 é muito melhor, muito superior.
É uma pena que o esse Remake não soube aproveitar o que a HQ de James O’Barr tem de mais bonito que é o amor e a perda que o protagonista sente ao longo de toda sua jornada ao perder a mulher que ama. Acho que faltou mais da parte da atriz FKA em entregar uma atuação melhor, algo no nível do Bill que tá espetacular aqui. Se tem algo que posso elogiar aqui é atuação dele que foi uma das poucas coisas que pude apreciar.
O roteiro peca em querer enfiar goela a baixo o romance e peca mais ainda ao gastar maior parte do filme nisso e esquecer da mitologia e lembrar dela aos 45 do segundo tempo. Blz, eu entendo que isso é para nós sentimos a perda do casal quando chega na hora da morte dele e funciona, mas precisava ter gasto quase 1h com isso??
Da parte da mitologia, eu gostei… É quase o mesmo conceito da HQ e foda-se o resto. Já que o filme não explica o motivo do Eric ser o escolhido, sim ele usam o artifício que algumas almas tem assuntos inacabados e que não conseguem descansar até o assunto se encerrar, mas isso não é o suficiente para mim não. Eles enfiam aqui um cara, acredito eu que é o tal “mentor” que queriam colocar lá no filme de 94 que não serve para nada. Ele vem e vai como quer, solta uma frases de efeitos e foda-se o resto. O mundo dos mortos também é algo que eles poderiam ter aproveitado tanto em criar algo memorável, algo que pudesse ficar na nossa memória… Infelizmente é um negócio tão enfadonho que dá é dó.
O vilão, genérico. Tenho nem o que falar. Simplesmente um vilão sem qualquer identidade.
O visual do alter-ego “o corvo” é um negócio que eu também, particularmente, não gostei muito. Diferente do filme de 94, ele não é memorável. Parece mais um rap com depressão do que um “vingador”. Esse negócio de enfiar um monte de tatuagem no personagem é a coisa mais idiota desse mundo porque é feio, lembra mais o Coringa do Jared Leto que qualquer coisa e isso impede o personagem de ter no mínimo uma boa imagem, algo bacana que você possa se lembrar, igual o Brandon Lee é lembrado até hoje pelo seu carisma e pelo visual fiel a HQ de James O’Barr.
Um ponto extremamente positivo aqui, e que supera o filme original é a ação final. Tem gore para todo lado e a ação é bem balançada. É uma pena que o filme deixou esse tipo de qualidade apenas para o final.
Filme: O Corvo
Data de Lançamento: 23/08/2024
Elenco: Bill Skarsgård, FKA Twigs, Danny Huston, Laura Birn, Josette Simon.
* O autor é estudante, crítico de cinema e fã de filmes e séries
