O proprietário de um crematório em Ciudad Juárez, no México, foi formalmente indiciado nesta sexta-feira (4/7), ao lado de um funcionário, por crimes relacionados ao tratamento inadequado de cadáveres. Eles respondem por sepultamento e exumação ilegais, além de manejo indevido de restos mortais.
A denúncia veio à tona no fim de junho, quando a Procuradoria-Geral do Estado de Chihuahua encontrou 383 corpos em situação precária nas instalações da empresa, que prestava serviços de cremação para funerárias locais. De acordo com as investigações, os corpos não foram incinerados, e os familiares recebiam materiais diversos no lugar das cinzas.
O porta-voz do Ministério Público, Eloy García Tarín, descreveu a cena como “cruel, triste e desumana”. Segundo ele, os corpos estavam “empilhados como sacos de mercadoria”. No pátio do imóvel, policiais encontraram uma carroça com um cadáver coberto por uma mesa antiga, repleta de lixo. Outras salas também armazenavam corpos em condições insalubres.
Alguns cadáveres estavam no local havia até dois anos. Segundo o promotor César Jáuregui, 27 vítimas já foram identificadas, e 148 corpos passaram por perícia. As autoridades trabalham para localizar as famílias e determinar a causa das mortes, ainda sem confirmação de ligação com crimes violentos.
O caso escancarou mais uma vez a fragilidade do sistema forense mexicano, que enfrenta sobrecarga diante do crescimento da violência ligada ao crime organizado no país. Mesmo sem estrutura adequada, o crematório seguiu aceitando novos corpos, agravando a situação.