Quatro ex-ministros do governo de Hugo Chávez divulgaram uma carta aberta repudiando as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a situação da democracia na Venezuela. Rodrigo Cabezas (Finanças), Héctor Navarro (Educação), Ana Elisa Osorio (Meio Ambiente) e Oly Millan (Economia Popular) pedem que Lula e o governo brasileiro sejam “solidários e consequentes” com uma solução para a crise política, econômica e humanitária no país.
“Sempre fomos militantes da esquerda democrática e progressista. A partir desse ideal nos atrevemos a demandar, senhor presidente Lula da Silva, que o senhor e seu governo sejam solidários e consequentes com uma saída democrática à crise política, econômica e humanitária da Venezuela, e, dessa maneira, com as vítimas, entre elas, os mais de 6 milhões de venezuelanos forçados a migrar, e nunca com seus perpetradores” declararam.
Os ex-ministros, que fizeram parte do primeiro escalão durante as gestões de Chávez, criticam as declarações de Lula feitas durante o encontro com o atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Brasília. Lula afirmou que a Venezuela é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo” e pediu a Maduro que apresente sua narrativa para que as pessoas possam mudar de opinião.
A reação às declarações de Lula foi forte, inclusive durante o encontro de presidentes sul-americanos convocado pelo próprio Lula. Os ex-ministros mencionam a existência de presos políticos, cancelamento de licenças de rádio e bloqueio de sites de notícias na internet, além de denunciarem o “terror de Estado” praticado pelo governo venezuelano, incluindo violações dos direitos humanos, execuções arbitrárias, tratamento cruel e tortura.
“Senhor presidente, o senhor sabe que a autocracia venezuelana se atreve a postular com orgulho e sem rubor nenhum a ‘aliança cívica, militar, policial’ para justificar sua tentativa de hegemonia política e social? Com ela, pretendem ficar no poder como for e a custo do que for, convertendo seu projeto político em intolerância com aqueles que pensam diferente, eliminando o Estado de Direito fundamentado na separação dos poderes”.
Fonte: CNN Brasil