Na noite desta quarta-feira, 26, o general boliviano Juan José Zuñiga disse em entrevista a vários jornalistas que enviou blindados para o centro de La Paz a pedido do presidente Luis Arce Catacora.
“Vou falar em detalhes. No domingo, na escola La Salle, encontrei-me com o presidente (Luis Arce Catacora) e ele me disse que a situação estava muito jodida e que esta semana seria crítica. ‘Então, é necessário preparar algo para aumentar minha popularidade’, ele me disse. ‘Devemos retirar os veículos blindados?’ perguntei a ele. ‘Tire os blindados’, disse o presidente. E a partir do domingo, os veículos blindados começaram a descer: seis Cascavéis e seis Urutus. Mais catorze Zetas do regimento de Achacachi”, disse Zuñiga, em uma entrevista que foi registrada em vídeo.
Na tarde desta quarta, a Praça Murillo, que abriga o Congresso, o Palácio Quemado e a sede do Executivo, foi cercada por tropas e blindados.
Zuñiga se encontrou pessoalmente com o presidente Luis Arce Catacora durante o tumulto. Os dois conversaram e, surpreendentemente, nada de significativo aconteceu.
Catacora deu um pito no general. O presidente não foi detido e continuou dando ordens, substituindo seus ministros militares. Minutos depois, Zuñiga deixou o local junto com seus homens e blindados escondidos.
“O que vimos hoje na Bolívia foi um episódio embaraçoso que mostra a decadência do governo liderado pelo Movimento ao Socialismo, MAS, que pretendeu fazer um show midiático com um suposto autogolpe, com características ridículas“, diz o cientista político boliviano Santiago Terceros, que vive em Santa Cruz de la Sierra.
“Um golpe de Estado implica a tomada de poder, nesse caso, por parte do Exército. Mas nunca na história se viu o presidente que está para ser derrotado conversar na porta do palácio presidencial com aquele que pretende derrubá-lo’, diz Terceros.
Além disso, nunca houve um general que admitisse que tudo era uma farsa.
Fonte: Crusoé