Em retaliação ao reconhecimento do Estado da Palestina, a diplomacia israelense subiu o tom contra a Espanha e ordenou que o consulado do país, em Jerusalém, deixe de prestar serviços a palestinos da Cisjordânia ocupada.
De acordo com a diretriz, divulgado pelo ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, a medida passa a valer a partir do próximo dia 1 de junho.
“O Consulado Geral, ou qualquer pessoa em seu nome, não poderá prestar serviços a residentes da Autoridade Palestina nem poderá desempenhar quaisquer funções consulares ou outras fora do distrito de Jerusalém, sem consentimento prévio por escrito do Ministério [israelense]”, diz um trecho da decisão. “Se esta política não for respeitada, o Ministério não hesitará em tomar novas medidas”.
A retaliação contra Madri e palestinos acontece na véspera da data anunciada por Espanha, Irlanda e Noruega para o reconhecimento, formal, da existência da Palestina.
Segundo o chanceler de Israel, a medida é uma resposta àqueles que ameaçam a existência do Estado judeu.
“Os dias da Inquisição acabaram. Hoje, o povo judeu tem um estado soberano e independente, e ninguém nos forçará a abandonar a nossa religião ou ameaçará a nossa existência – aqueles que nos prejudicam, nós iremos prejudicar em troca”, escreveu Katz em uma publicação no X, antigo Twitter.
Desde o anúncio do reconhecimento da Palestina pela Espanha, Irlanda e Noruega, o governo de Benjamin Netanyahu tem afirmado que o avanço na solução de dois estados é uma “recompensa ao terror” depois de o Hamas invadir, matar e sequestrar pessoas em território israelense.
Medida não deve ser efetiva
Apesar da ordem vinda da Ministério das Relações Exteriores de Israel, especialistas afirmam que a medida dificilmente sairá do papel.
“É inviável, impossível que isso aconteça”, afirma Paulo Cesar Rebello, analista político e doutorando em Ciência Política pela Universidade de Salamanca. “Pode descartar, mesmo, essa possibilidade”.
De acordo com Rebello, Tel Aviv não tem o poder de decidir unilateralmente sobre assuntos relacionados a representações diplomáticas de outros países em seu território.
“Pode ser possível somente se o governo da Espanha ceder, o que não deve acontecer”, explica.