Em uma entrevista para a BBC persa, nesta quinta-feira (22/09), Amjad Amini afirmou que não lhe foi permitido ver o relatório da autópsia da filha e negou, mais uma vez, que Mahsa estivesse doente.
Sua filha morreu num hospital em Teerã na sexta (16), depois de passar três dias em coma. Ela havia sido detida dias antes por uma espécie de polícia dos bons costumes, na capital iraniana, por supostamente violar as regras do país ao não usar o véu cobrindo a cabeça, conhecido como hijab e tradicional entre muçulmanas.
“Meu filho implorou para que não a levassem, mas ele também foi espancado, suas roupas foram arrancadas. Pedi a eles que me mostrassem as câmeras corporais dos seguranças, eles me disseram que as câmeras estavam sem bateria”, disse o pai.
As autoridades iranianas disputam esta versão, afirmando que Amini não foi maltratada, mas sofreu “insuficiência cardíaca súbita” enquanto estava sob custódia. Na semana passada, os oficiais chamaram a morte dela de “incidente infeliz”.
Seu pai também contou que foi impedido pela equipe médica diversas vezes de ver o corpo de sua filha após sua morte. “Eu queria ver minha filha, mas eles não me deixaram entrar”, disse ele.
Desde a morte da jovem, protestos têm tomado as ruas do país. Nesta quinta, manifestantes em Teerã e outras cidades incendiaram delegacias de polícia e carros, em uma prova de que a indignação pública não dá sinais de arrefecer. As manifestações são repreendidas pela forças de segurança, que usam gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, além de efetuarem prisões.
O saldo dos confrontos até agora é de mais de 30 mortos, segundo a ONG Direitos Humanos do Irã.