No decorrer da pandemia de Covid-19, uma das maiores controvérsias envolveu a utilização da cloroquina no tratamento de pacientes contaminados pelo coronavírus. O medicamento ganhou popularidade, particularmente, depois que um estudo na revista científica Journal of Antimicrobial Agents foi publicado em março de 2020.
Na terça-feira, a revista anunciou que removeria o artigo após uma investigação detalhada realizada por um “especialista imparcial que trabalha como consultor independente em ética editorial”. Várias normas, a ética do artigo e a interpretação dos resultados foram questionadas.
No texto, a revista afirma que “a condução adequada de estudos com participantes humanos, além das inquietações apresentadas por três dos autores acerca da metodologia e das conclusões”, foram consideradas e geraram inquietação.
A pesquisa foi conduzida pelo especialista francês Didier Raoult, que ocupava o cargo de diretor do Instituto de Infectologia do Hospital Universitário de Marselha. Em 2021, o médico se aposentou e foi proibido de praticar medicina devido à promoção do uso da cloroquina. Outros 17 especialistas contribuem para a pesquisa.
De acordo com a publicação, a argumentação dos autores não foi persuasiva e as pesquisas apresentadas como evidências da eficácia da cloroquina foram descartadas devido a erros metodológicos ou éticos.
Pesquisas sólidas e respeitadas globalmente, como o Solidariedade, conduzido pela Organização Mundial de Saúde, e o Recovery, realizado pelo governo britânico, evidenciaram a ineficácia da cloroquina no tratamento e prevenção da Covid-19. O medicamento pode, inclusive, estar ligado a efeitos colaterais severos, especialmente para a saúde cardíaca.