A Cox Media Group (CMG), empresa de publicidade parceira de gigantes como Google, Meta e Amazon, foi flagrada utilizando um software que escuta conversas de usuários por meio de dispositivos móveis para direcionar anúncios. Documentos obtidos pelo site 404 Media revelaram a existência de uma função chamada “Active Listening”, que utiliza o microfone de celulares para captar preferências de consumo com base em conversas e sons ambiente.
O funcionamento dessa tecnologia dá vida a uma antiga teoria da conspiração: a de que nossos dispositivos nos escutam constantemente. O software detecta palavras e tópicos discutidos ao redor dos usuários, criando perfis mais detalhados para personalizar os anúncios exibidos.
Segundo o vazamento, a CMG cobra US$ 100 por dia para coletar dados de um grupo de usuários em um raio de 16 quilômetros, e US$ 200 para ampliar a coleta para 32 quilômetros. “Os dispositivos inteligentes capturam dados de intenção em tempo real ao ouvir nossas conversas”, afirmou a empresa, explicando que esses dados podem ser combinados com outros comportamentais para melhorar campanhas publicitárias.
Entretanto, os documentos não especificam quais dispositivos captam as conversas, nem fornecem detalhes sobre como o “Active Listening” opera. Eles apenas mencionam a parceria da CMG com grandes empresas de tecnologia, sem confirmar se essas utilizam a ferramenta em suas estratégias de anúncios.
Após a revelação, o Google informou que removeu a CMG de seu programa de parceiros, afirmando que “todos os anunciantes devem seguir as leis e políticas do Google Ads”. Já a Meta, embora não tenha tomado a mesma medida, negou usar a solução de escuta ativa e afirmou que investigaria o caso. A Amazon também disse nunca ter utilizado o “Active Listening” em suas operações.
Os dispositivos móveis modernos, como smartphones com iOS e Android, alertam os usuários quando o microfone está ativado, mas outros aparelhos inteligentes, como alto-falantes controlados por voz, dependem de captação contínua para responder aos comandos.
Essa não é a primeira vez que a 404 Media expõe práticas da CMG. Em uma reportagem anterior, foi revelado que a empresa considerava o monitoramento de conversas algo permitido, com base nos termos de uso aceitos pelos próprios consumidores ao utilizar serviços digitais.