O Google, da Alphabet, iniciou nesta terça-feira (21) sua conferência anual de desenvolvedores, a I/O 2025, em Mountain View, Califórnia, destacando o avanço de suas tecnologias em inteligência artificial (IA) e tentando acalmar o mercado diante de incertezas sobre o futuro de seu principal modelo de negócios: as buscas online.
A companhia promete uma série de anúncios centrados em IA, buscando demonstrar que recuperou terreno na corrida pela liderança do setor, especialmente após o lançamento do ChatGPT, da OpenAI, que surpreendeu o mercado em 2022. Desde então, o Google passou a defender com mais veemência seus avanços com o modelo Gemini, citado por executivos como um dos mais avançados da indústria, à frente de rivais como a própria OpenAI e a Meta.
Em meio ao amadurecimento do uso de chatbots por usuários e empresas, investidores acompanham de perto os sinais de como o Google pretende adaptar sua lucrativa operação de publicidade em buscas — responsável por boa parte dos US$ 350 bilhões em receita gerados em 2024 — em uma nova era de pesquisa por meio de IA.
As preocupações se intensificaram no início deste mês, quando as ações da Alphabet perderam US$ 150 bilhões em valor de mercado após um executivo da Apple declarar, durante um processo antitruste contra o Google, que o uso de IA levou à queda inédita nas buscas feitas no Safari, navegador da Apple.
Estudos recentes indicam que a fatia de mercado do Google no segmento de buscas pode estar sendo superestimada. Enquanto métricas tradicionais apontam uma participação de 90%, uma análise da Bernstein reduziu essa estimativa para entre 65% e 70% ao considerar o uso crescente de chatbots. Analistas do Wells Fargo, por sua vez, projetam que a participação da empresa pode cair para menos de 50% em até cinco anos.
Além da concorrência, o Google enfrenta investigações antitruste nos Estados Unidos, com dois processos movidos pelo Departamento de Justiça que podem forçar a divisão de unidades da Alphabet, incluindo o navegador Chrome.
Para tentar manter a liderança tecnológica, a empresa projeta um investimento recorde de US$ 75 bilhões em 2025, com foco em IA — um salto significativo frente aos US$ 52,5 bilhões gastos no ano passado. O CEO Sundar Pichai reafirmou esse compromisso no mês passado.
Nos últimos anos, o Google vem incorporando inteligência artificial diretamente ao seu buscador, com recursos como resumos gerados por IA e o experimental AI Mode, que oferece respostas mais completas e contextualizadas. A expectativa é que a empresa apresente, durante a conferência, novos recursos nessas áreas, além de avanços no desenvolvimento de um “agente universal de IA”.
Um dos destaques pode ser o avanço do Project Astra, apresentado na edição anterior da conferência, uma ferramenta que permite interações em tempo real com base em imagens captadas pela câmera do celular.
Na tentativa de diversificar suas fontes de receita com IA, o Google também tem apostado em modelos de assinatura. Recentemente, a empresa informou que o Google One — serviço que oferece acesso a recursos de IA exclusivos por US$ 19,99 ao mês — ultrapassou a marca de 150 milhões de assinantes.
Com os olhos do mercado voltados para as mudanças no comportamento dos usuários e o avanço dos concorrentes, o Google busca mostrar, nesta I/O 2025, que segue como uma força dominante na tecnologia — mesmo em meio a uma das maiores transformações da internet desde sua criação.
