A proprietária do ChatGPT lançou o SearchGPT, um site de busca que usa IA para ajudar os usuários a pesquisar imagens, sites e textos.
O site, que será independente do ChatGPT, será como o “Google da OpenAI”, com uma barra de pesquisa para que os usuários digitem suas dúvidas e recebam uma resposta, que pode ser fornecida por imagens, cards de informação ou texto.
No entanto, as semelhanças devem acabar aí. A empresa afirma que um dos recursos da ferramenta é um campo de contexto. Isso significa que a ferramenta coleta informações de buscas anteriores com cada nova busca. Isso é semelhante a um diálogo entre duas pessoas, ou uma conversa com ChatGPT.
O coordenador do curso de Ciência da Computação do Insper, Fábio de Miranda, afirma que uma combinação imbatível atualmente é IA e informações geradas por pessoas reais, o que constitui o recurso anunciado pela OpenAI.
O método de coletar primeiro dados verdadeiros e solicitar um resumo LLM ou IA está se consolidando como vencedor. Miranda afirma que as matrizes GPT 3.5 tinham 175 bilhões de números, enquanto as matrizes GPT-4 tinham 1,5 trilhão. No entanto, ele continua inventando fatos. “O caminho para oferecer um bom serviço de pesquisa parece ser usar um mecanismo de busca mais clássico e depois uma IA.”
Eduardo de Rezende Francisco, do Departamento de Tecnologia e Ciência de Dados (TDS) da FGV EAESP, concorda: a introdução da OpenAI no setor aumenta a nova receita para uma nova geração de buscas na web.
“Esse parece ser o princípio que guiará toda essa onda de buscadores inteligentes, como o Google AI Overview e agora o SearchGPT. Francisco explica que isso representará uma mudança significativa na forma como as pessoas usam a internet.
A tendência, que pode ser o início do que todos os buscadores verão no futuro, também serve como um marco para a empresa de Sam Altman em relação a informações em tempo real: desde o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022, ele continha informações apenas até setembro de 2021. Outras versões que foram lançadas posteriormente também não acompanhavam as atualizações e estavam sempre atrás da informação que poderiam usar.
Ao usar uma janela temporal que se atualiza diariamente, a OpenAI agora pode usar as buscas na internet para trabalhar com informações em tempo real e orgânicas. A empresa deve se concentrar nesse aspecto.
“Significa mais utilidade para o usuário final, e marca uma admissão pela OpenAI que não dá para confiar 100% na informação mesclada que ficou armazenada na IA durante o treinamento”, afirma Miranda. “Agora que parece estar claro que não vai haver grandes saltos de capacidade das IAs todo ano, o caminho parece ser projetar os sistemas de forma mais esperta. Está se consolidando uma engenharia de IA.”
Ao contrário do que o Google faz, os resultados das pesquisas no SearchGPT não são mostrados em uma lista de links, como mostram as imagens da empresa. As respostas são mais organizadas e organizadas em grupos. Além disso, a empresa indica que links de referência originais do conteúdo serão mostrados para cada texto produzido por uma pesquisa, como demonstrado nos exemplos.
A OpenAI não inventou a IA para pesquisas. Neste ano, o Google lançou a ferramenta AI Overviews, que usa inteligência artificial para a pesquisa. Durante o lançamento da ferramenta em maio deste ano, a chefe de buscas da empresa, Liz Reid, disse que o recurso também faz resumos de conteúdo e, em seguida, apresenta links, imagens e cards que podem ajudar a aprofundar a pesquisa.
O Estadão informou que AI Overviews está sendo testado no Brasil. No entanto, após várias recomendações incorretas, o recurso foi recebido com cautela na estreia. Em uma delas, que tornou-se famosa e recebeu memes, um consumidor perguntou sobre uma maneira de manter o queijo derretido em cima de uma pizza sem escorregar. A resposta do Google foi que a solução era simplesmente usar cola.
A gigante das buscas chegou a diminuir a distribuição da ferramenta como resultado. A entrada da OpenAI nessa área pode ajudar no desenvolvimento de novos LLMs capazes de fornecer melhores resultados de busca, além de ter a capacidade de se tornar um rival significativo para os mais de 90% de domínio de pesquisas atualmente de propriedade da empresa de Sundar Pichai.
No entanto, o lançamento do novo site fez com que o Google fosse visto como uma ameaça pelo ChatGPT e por outros buscadores que usam IA mais sofisticada. Um exemplo é a Perplexity AI, que recebeu financiamento de empresários como Jeff Bezos para revolucionar a tecnologia de inteligência artificial generativa nas buscas.
“A médio prazo, a tendência é esse mecanismo novo se mostrar muito mais aderente, conveniente e intuitivo, principalmente se ele estiver atrelado a buscas por áudio. Isso deve fazer com que o paradigma ‘google.com’ perca espaço e tenha que se reinventar. Esse movimento tende a mudar sensivelmente o mercado”, aponta Francisco.
A ferramenta da OpenAI ainda está em teste, então não está claro se pode competir com o Google ou mesmo perder sua vantagem histórica nas ferramentas de busca. No entanto, a preocupação de que o serviço possa se expandir já existe, especialmente se depender de um público que já se acostumou ao uso da inteligência artificial e está procurando novas formas de acessar conteúdo online.
“Existe um público que adotou o ChatGPT como interface de busca padrão nos últimos anos, como uma parcela dos adolescentes. Se a OpenAI começar a oferecer uma busca que se baseia em fontes reais esse público pode nunca precisar do Google”, explica Miranda.
A OpenAI afirmou que está enviando a ferramenta para feedback a um pequeno número de usuários, que somam cerca de 10 mil convidados. Para quem quiser participar dos testes do recurso, é possível habilitar uma lista de espera no próprio site do SearchGPT. A empresa não anunciou nenhuma data esperada para o lançamento global do seu site de buscas. Porém, a companhia espera integrar a plataforma ao ChatGPT.
