Imagens capturadas pela câmera corporal de um policial militar envolvido em um acidente de Porsche que matou o motorista do aplicativo e feriu gravemente seu passageiro mostram que o motorista do esportivo de luxo, Fernando Sastre de Andrade Filho, da cena do crime sem ter realizado o teste do bafômetro.
Imagens obtidas pela Globo News mostram um vislumbre do momento em que policiais do Batalhão de Trânsito da PM conversam com um empresário, sua mãe e outras testemunhas sobre o acidente na rua Salim Farah Maluf, no Tatuapé. Tanto os vídeos quanto os áudios estão sob posse judicial.
Inicialmente, os policiais militares impediram a saída de Fernando e sua mãe, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, do local do acidente quando perceberam que estavam prestes a partir. Após coletar os dados do empresário, os agentes foram persuadidos por Daniela a permitir que ela levasse seu filho ao hospital sozinha, alegando que ele estava ferido.
Durante a conversa registrada pelas câmeras corporais, um dos policiais autoriza Fernando a acompanhar a mãe ao hospital.
“Seu nariz tá sangrando”, diz a mãe do para o filho, motorista do Porsche. Ela tinha ido ao local para ver como o empresário estava após ele bater o carro de luxo a mais de 100 km/h num Sandero. O limite para a via é de 50 km/h.
“Pode ir lá”, diz no áudio um dos policiais militares ao autorizar Fernando a ir com a mãe para o hospital.
PM – “A senhora vai levar ele pra qual hospital?”
Daniela – “São Luiz. Pro São Luiz.”
No entanto, contrariando a informação fornecida à polícia, Daniela não levou o filho para receber assistência médica. Assim, o motorista do Porsche partiu do local sem realizar o exame de bafômetro, que poderia confirmar se ele havia consumido álcool antes da colisão.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) destacou essa omissão por parte dos PMs no atendimento à ocorrência, evidenciando a falha em não conduzir o teste do bafômetro no condutor do Porsche.
Uma análise das imagens e diálogos capturados pelas câmeras dos policiais confirmou o erro cometido ao liberar Fernando sem verificar se ele havia ingerido álcool.
O motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, que dirigia o Sandero atingido pelo Porsche, veio a falecer posteriormente no hospital, enquanto o passageiro, Marcus Vinicius Machado Rocha, sofreu ferimentos graves, incluindo múltiplas fraturas e a remoção do baço em cirurgia.
A conduta dos policiais envolvidos está sendo investigada pela Corregedoria da PM por violar o protocolo de atendimento em casos de acidentes com vítimas. Paralelamente, a Polícia Civil está apurando as circunstâncias e possíveis responsabilidades pela morte do motorista de aplicativo e pelos ferimentos graves do passageiro do Porsche.
Fernando foi indiciado por homicídio doloso eventual, lesão corporal e fuga do local do acidente, e responde ao processo em liberdade. Testemunhas afirmaram à investigação que o empresário havia consumido álcool antes do acidente, o que foi corroborado por registros de consumo em um bar. No entanto, Fernando negou essas alegações durante seu interrogatório na delegacia.
Laudos da Polícia Técnico Científica indicaram que o Porsche estava em alta velocidade no momento do acidente, transitando a 156,4 km/h, enquanto o limite da via é de 50 km/h. O veículo estava a 114,8 km/h no momento da colisão com o Sandero.
Com informações do G1